quinta-feira, 17 de março de 2011

Epifania

Novamente falarei sobre um assunto que dificilmente em poucas linhas conseguiremos esgotar. Aliás, propositadamente abordo alguns assuntos aqui para gerar reflexão e principalmente suscitar algumas novas buscas por parte daqueles que lêem. Mesmo porque minha opinião não deve servir como referência, afinal é apenas mais uma dentre tantas outras. Defendo o conceito da liberdade de pensamento. Sem amarras, sem restrições, sem vendas nos olhos. Por mais que o título talvez não seja comum a todos, no final das contas ouso afirmar que você certamente sabe o que é, já passou por isso e talvez conheça por outro nome.
Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência de algo utilizado normalmente para indicar que alguém encontrou a peça que faltava do quebra-cabeça e agora consegue ver a imagem completa. Sabe quando de repente, (aparentemente) do nada, surge algo brilhante em sua mente? Uma idéia genial, uma compreensão maior, a resolução para aquela questão que tanto perturbava. Alguns conhecem como ‘insight’ outros chamam simplesmente de intuição. Saliento, no entanto que em breve falaremos mais sobre intuição e a epifania é apenas um (magnífico) componente da intuição.
Este mesmo termo é usado em diversas tradições filosófico-religiosas, que inclusive afirmam que epifania é uma manifestação divina. Mas não é minha intenção abordá-la com esta conotação. A menos que, como eu, você acredite que é uma pequena fagulha do Pai Celestial. Aí sim, em um âmbito que não está restrito a nenhuma corrente específica, este termo toma o vulto que merece, pois é aplicado exatamente quando um pensamento inspirador acontece, único, que parece ser divino em natureza e nos dá a (verdadeira) impressão que a Mente Maior se manifestou em nós por meio de uma súbita iluminação.
Para que possamos exemplificar melhor o significado de momentos de epifania, podemos recorrer ao famoso ‘Eureka’ de Arquimedes ou da percepção de Alexander Fleming ao observar sua cultura de bactérias tomada por fungos e daí criar a penicilina. O fato é que em algumas situações, os momentos epifânicos são deliberadamente ignorados, pois podem originar quebras de paradigmas, ruptura de valores, questionamentos existenciais.  Pode aproximar realidades que pareciam até então opostas e inadmissíveis para nosso modo cartesiano de pensar, agir e conduzir nossa vida.
Uma epifania gera turbulência interna porque significa exatamente um instante de sincronicidade, algo que pode simbolizar um sinal de que nossa rota está totalmente distante do ponto em que merecemos e devemos chegar. Pode trazer de maneira cristalina nosso real caminho. Porém, nem sempre o caminho mais certo é o mais fácil e é inevitável que tenhamos de mudar. Como? Quando? Desculpe, mas seria presunção minha responder. Basta que se permita ter seus momentos de epifania, desprendendo-se de seu ego, de seus pré conceitos acerca de si mesmo e conectando-se com a Fonte Maior, de onde nos chegam todas as respostas. Mesmo que sejamos insistentes em ignorá-las.

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