quinta-feira, 10 de março de 2011

Comprometimento

  Atualmente as empresas que prestamos consultoria  focam em um ponto bastante nevrálgico da relação profissional, mais especificamente na relação empresa-funcionário chamado comprometimento. As frases que mais ouço é que os colaboradores precisam ser mais comprometidos com a equipe, com os resultados, com a empresa e blá, blá, blá. Parece simples, não é? Pega-se a equipe ou a pessoa, presta-se algum treinamento ou consultoria e... ‘tchãran’... Pronto!!! Eis aqui uma nova equipe/ pessoa, totalmente comprometida...
Antes fosse assim. Quando falamos em comprometimento a questão é bem mais elaborada. Há uma frase de um líder militar norte americano chamado Norman Scharzkopf que diz que “A verdade é que todos sabem a coisa certa a fazer. A parte difícil é fazê-la”.  Isso é bastante plausível. Na maioria imensa das vezes, as pessoas sabem exatamente o que devem fazer, da maneira que devem fazer. São competentes na função que executam, treinadas para isso, sobrevivem financeiramente dos resultados gerados pela atividade profissional que desenvolvem. Alguns são tecnicamente imprescindíveis para a equipe. E mesmo assim, não fazem o que deve ser feito, da maneira correta.
A dúvida então permanece. Por que as pessoas não fazem o que devem fazer? Por que não são comprometidas com o trabalho? Na minha humilde percepção há diversos fatores que colaboram para que isto aconteça, mas um deles, normalmente o que menos é observado pelos gestores é o que causa maior desequilíbrio nas empresas, no que diz respeito ao tal comprometimento. Qual?
Simples. As pessoas não são comprometidas nem consigo mesmas. E a questão se torna matemática. Se não são comprometidas nem com seus objetivos pessoais, o que nos leva a crer que serão comprometidas com os objetivos da empresa?  Ilusão. É só o gestor dar uma avaliada um pouco mais criteriosa no time que tem, que isto que acabei de pontuar ficará assustadoramente evidente.
Pode observar. Em grande parte dos casos, não há o mínimo cuidado com a própria saúde, com a imagem pessoal, com a congruência, com bens pessoais, com a vida financeira, com o cumprimento de metas e prazos. Infelizmente as pessoas não vivem, apenas sobrevivem. Se não são comprometidas com sua própria vida, como serão com resultados de outros?
Ganham o essencial para viver e satisfazer alguns desejos de consumo (geralmente supérfluos), não vislumbram possibilidades de desenvolver-se e limitam-se a fazer de modo bastante básico suas atribuições. Não existem aspirações maiores. 
E talvez este ponto de vista gere outra pergunta. Por que as pessoas não vislumbram algo maior e se acomodam, fazendo o mínimo que pode ser feito? Aí mergulhamos um pouco mais fundo, mas me arrisco a dizer que é o resultado da falta de automotivação e a insatisfação com o que fazem, tema já abordado em textos anteriores. Isto forma um círculo vicioso, difícil de ser rompido, onde o funcionário fica infeliz com a situação e o gestor fica fazendo contorcionismos na difícil missão de detectar até onde vale a pena investir e quando é melhor abrir mão do colaborador.

2 comentários:

  1. Direto, objetivo e acertivo. Façamos uma campanha para que os descomprometidos ao menos leiam e reflitam sobre isso.

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