sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Falsos Dilemas


llQue bom seria se o universo fosse tão simples como certas pessoas o fazem parecer. Simplesmente reduzimos questões complexas a questões díspares, opostas, como se estivéssemos o tempo todo restritos a falsos dilemas. Talvez este péssimo hábito seja uma herança da lógica cartesiana ou de uma estrutura social em que temos de nos adequar de uma maneira ‘X’, ou então de maneira contrária a esta maneira ‘X’. 
Não é de se espantar que uma das frases mais famosas da história da literatura mundial, a famosa: “Ser ou não ser? Eis a questão”, da obra ‘Hamlet’ de William Shakespeare, seja talvez a representação mais célebre destes falsos dilemas que nos impomos a todo instante. Precisamos sempre ser OU não ser. Mas, porque jamais temos a opção de ser E não ser? 
Normalmente rotulamos e somos taxados pelas pessoas como: altos ou baixos, bons ou maus, grandes ou pequenos, gordos ou magros, ricos ou pobres, isto ou aquilo. O fato é que quando reduzimos a questão em rótulos, categorias, opiniões que podem nos levar a caminhos aparentemente opostos, estamos ilusoriamente buscando facilitar situações que nem sempre se resumem à simples escolhas. 
Esquecemos que entre em tons contrastantes de preto e branco temos infinitas matizes de tons de cinza. E o pior: Não percebemos que estes tons de cinza são fruto da mistura destas nuances de preto e branco. Às vezes muito escuros, outras vezes mais claros.
Infelizmente estamos sempre tendo de nos posicionar de um lado ou de outro, sendo que há entre o ‘sim absoluto’ e o ‘não absoluto’ uma infindável rede de opções e alternativas a serem consideradas antes de uma escolha ou um posicionamento definitivo. Digo infelizmente, porque quando resumimos as situações desta forma automaticamente estamos ‘afunilando’ nosso ponto de vista e nos privando de conhecer diversos outras possibilidades situadas entre um extremo e outro. 
Seja em discussões, debates ou em uma cotidiana opção entre uma coisa e outra, jamais uma verdade, uma escolha estará totalmente correta e a outra totalmente equivocada. Há sempre pontos benéficos em ambos os posicionamentos, e quando cerceamos a nós ou aos outros da chance de perceber o que há em comum entre os opostos, estamos limitando o aprendizado.
E este é o ponto relevante. Não apenas há normalmente mais opções do que as que são opostas entre si, como há um caminho intermediário entre elas, o Caminho do Meio. Há simplesmente o dia e a noite? Ou na intersecção existente entre eles há também a aurora e o crepúsculo, quando dia e noite praticamente ‘misturam-se’?
Evite cair na armadilha dos falsos dilemas. Desde os que são simples, até os que são importantes.  Ao reduzirmos questões complexas a alternativas diametralmente opostas, não apenas tornamos limitada nossa capacidade de entendimento, como corremos sério risco de nos tornarmos radicais, fanáticos e colaborar para uma realidade com base em conflitos e divergências onde o consenso e o equilíbrio ficam cada vez mais distantes.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Realidade ambígua

llDe acordo com o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2011 a média da expectativa de vida do brasileiro subiu para 74 anos. O dado é bastante relevante visto que em 1980 a expectativa de vida girava em torno de 62 anos. 
Sem dúvida, uma ótima notícia. Ao menos por um lado. Sim, porque há outras variáveis envolvidas nisso. 
De maneira bem objetiva é perceptível que o país não está preparado para absorver essa nova demanda. Há poucas políticas específicas para gerar qualidade de vida e uma velhice digna a essas pessoas. Para não irmos muito longe vale citar o sistema de previdência falido há décadas que terá de suprir por mais tempo esses idosos. Somado a isso políticas de saúde, moradia, inclusão e trabalho praticamente inexistem. Exagero? Então leia esses dados:
Após 40 anos de trabalho, de cada 100 brasileiros vivos cerca de 70 estarão dependentes do governo, da família ou de caridade alheia, cerca de 25 ainda terão de trabalhar para se manter, 4 conseguirão se aposentar com tranquilidade financeira e apenas um estará rico. 
Novamente de modo objetivo, quase 90% dessas pessoas serão dependentes da previdência pública já falida e cujo déficit, pelos motivos óbvios explanados acima só aumentará. Não sou expert em economia para perceber que a situação é crítica, mas cá entre nós, precisa? 
Admira-me a displicência com que o assunto é tratado pelos nossos “nobres representantes”. Como soluções, a criação de políticas de atendimento e a conscientização inclusive de profissionais dos mais diversos setores que estão muitas vezes despreparados para atender esse público que possui peculiaridades.
E por outro lado, poderíamos tratar o problema de modo preventivo. Se hoje cerca de 90% das pessoas permanecem dependentes financeiramente é também porque talvez nunca tenham sido orientadas a como gerenciar seu dinheiro de forma equilibrada e ter alternativas de renda que complementem a normalmente mísera retribuição que é dada ao aposentado depois de anos de contribuição ao sistema previdenciário.
Seria bem inteligente orientar essas pessoas que ainda estão no seu período de contribuição sobre possibilidades que façam com que ao se aposentarem possuam alguma renda residual que as permita viver de modo mais digno.
Desse modo, ganham todos. O país, que terá futuramente idosos que não dependam exclusivamente de seus serviços (saúde, transporte, etc), as pessoas que terão melhor qualidade de vida e a economia que terá mais equilíbrio e solidez.
Barato, simples e rápido. Mas... Seria interessante? Talvez não. Historicamente quem sabe lidar com finanças, leva vantagem sobre quem justamente não tem as informações. É mais fácil (mais uma vez) deixar as pessoas na ignorância e fingir que nada está acontecendo. Pois é, nem as notícias boas podem ser totalmente comemoradas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Neuromarketing


llVocê entra em um shopping e percebe um aroma agradável. Passeia por corredores amplos e com chão meio liso e encontra vitrines criteriosamente preparadas. Entra na loja e está tocando uma música alta e vibrante. Sem se dar conta, acaba envolvido por essa atmosfera, olha os produtos, até compra algo (que às vezes não precisa realmente) e volta para os corredores sentindo aquela sensação de satisfação. Olha ao redor em busca de um relógio, mas não encontra nenhum. 
Não está com fome, mas passa por aquela rede de fast food com cores vibrantes e seduzido pelo cheirinho agradável, sente um “apetite momentâneo”. Então, você conversa consigo mesmo e conclui que já abusou nos últimos dias. Negocia ‘internamente’ e opta por comprar apenas um sorvete de casquinha.
Antes de ir embora resolve dar uma conferida naquela loja de departamentos que vende DVDs, CDs, chocolates, roupas, videogames, eletrônicos e celulares. Acaba novamente pegando um ou dois itens que achou ‘baratinho’ e vai para uma fila de ‘caixas rápidos’, agora com corredores estreitos e onde existem nos dois lados outros produtos tentadores (para as crianças principalmente) como chicletes, mais chocolates, revistas e algumas ‘ofertas imperdíveis’. Coloca mais algumas dessas coisas no cesto de compras, espera um bocado na fila e comenta com as pessoas que não entende porque “com tantos caixas, apenas dois estão atendendo”. Pois bem, os parágrafos anteriores apenas comprovam que em poucos momentos você foi atraído por diversas estratégias de uma poderosa ferramenta chamada Neuromarketing.
 Criado na Holanda no início da década de 90 e aperfeiçoado na Universidade de Stanford nos EUA o Neuromarketing tem a característica de conciliar conceitos do Marketing com fundamentos da Neurociência. Isso mesmo: atualmente os profissionais pesquisam como o nosso cérebro funciona e com base nesses dados montam estratégias para divulgar produtos e atrair clientes.
Ou será coincidência que as maiores redes de lanchonetes fast food, as cervejas campeãs em vendas e o refrigerante mais consumido no mundo têm a cor vermelha predominante em seus logotipos e embalagens? Claro que não. O vermelho ativa áreas cerebrais que nos estimulam a ter comportamentos que levam a comprar, às vezes por impulso. 
Já se comprova que tomamos mais de 90% das nossas decisões baseados em nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) e emoções. Sons, odores, imagens, cores, texturas, são minuciosamente escolhidos com o objetivo de nos atrair e levar ao ato de consumir. Muito pouco do que decidimos passa por um processo racional de escolha. 
Mas essas estratégias estão reservadas a grandes empresas, que podem investir pesado? A boa notícia é que não. Geralmente medidas simples, já trazem grande diferença no resultado final. Ações que façam com que o cliente tenha em seu estabelecimento sensações e sentimentos positivos. Cores agradáveis, um cafezinho fresco, música suave, recepção confortável e um atendimento cordial já são bons começos. 
 A propósito: os corredores de shoppings e supermercados são normalmente largos e tem piso bastante liso para que você não ande muito rápido e possa olhar as vitrines e não existem relógios nestes ambientes para perdermos a noção do tempo que estamos lá dentro. 
Com algumas pequenas atitudes e mudanças em seu ambiente de trabalho você pode gerar grandes diferenciais. Use o Neuromarketing a seu favor. Sucesso!!