quinta-feira, 31 de maio de 2012

João e Mário


llJoão era um importante empresário. Morava em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade. Naquele dia, João deu um longo beijo em sua amada e fez em silêncio a sua oração matinal de agradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações. 
Após tomar café com a esposa e os filhos, João levou-os ao colégio e se dirigiu a uma de suas empresas. Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários, inclusive Dona Tereza, a faxineira. 
Tinha ele inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentos da empresa, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: "Calma, vamos fazer uma coisa de cada vez, sem estresse". 
Tomou conhecimento que o faturamento do mês superou os objetivos e mandou anunciar que todos os funcionários teriam gratificações salariais no mês seguinte. Voltou para casa, aprontou-se e foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação para vencer na vida. 
Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário. Estava desempregado. Um amigo seu tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas ele recusou, alegando não gostar do tipo de trabalho. Mário não tinha filhos e estava também sem uma companheira, pois sua terceira mulher, partiu dias antes, dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil. 
Naquele dia, Mário bebeu mais algumas, jogou, até o dono do bar pedir para ele ir embora. Ele pediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado. Então armou uma tremenda confusão e o dono do bar o colocou para fora.  Sentado na calçada, Mário chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu após levá-lo para casa e curando um pouco o porre, ele perguntou a Mário: - "Diga-me por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira?" 
Mário então desabafou: 
- A minha família... Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável. 
Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e com o mundo. Tinha um irmão gêmeo, chamado João, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma. 
Enquanto isso, na outra capital, João terminava sua palestra para estudantes. Já estava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta: 
- "Diga-me por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano?" João emocionado, respondeu:
- "A minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável. Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa, decidido que não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família. 
Não importa o que já passamos na vida. Nós somos responsáveis por nosso futuro.


Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Adversidades


llUm filho se queixou a seu pai sobre sua vida e de como as coisas estavam tão difíceis para ele. Ele já não sabia mais o que fazer e queria desistir. 
   Estava cansado de lutar e combater. Parecia que assim que um problema estava resolvido um outro surgia. Seu pai, um "chef", levou-o até a cozinha. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto. Logo as panelas começaram a ferver. 
   Em uma ele colocou cenouras, em outra colocou ovos e, na última pó de café. Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra. O filho deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o que ele estaria fazendo. 
   Cerca de vinte minutos depois, ele apagou as bocas de gás. Pescou as cenouras e as colocou em uma tigela. Retirou os ovos e os colocou em uma tigela. Então pegou o café com uma concha e o colocou em uma tigela. 
   Virando-se para ele, perguntou "Querido, o que você está vendo?" "Cenouras, ovos e café," ele respondeu. Ele o trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras. 
   Ele obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. Ele, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse. Ele obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovo endurecera com a fervura. 
   Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café. Ele sorriu ao provar seu aroma delicioso. Ele perguntou humildemente: "O que isto significa pai?" Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, água fervendo, mas que cada um reagira de maneira diferente.
   A cenoura entrara forte, firme e inflexível. Mas depois de ter sido submetida à água fervendo, ela amolecera e se tornara frágil. Os ovos eram frágeis. Sua casca fina havia protegido o líquido interior. Mas depois de terem sido colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais rijo. 
   O pó de café, contudo, era incomparável. Depois que fora colocado na água fervente, ele havia mudado a água. "Qual deles é você?" ele perguntou a seu filho. "Quando a adversidade bate a sua porta, como você responde? Você é uma cenoura, um ovo ou um pó de café?" Você é como a cenoura que parece forte, mas com a dor e a adversidade você murcha, se torna frágil e perde sua força? 
    Será que você é como o ovo, que começa com um coração maleável, um espírito maleável, mas depois de alguma morte, uma falência, um divórcio ou uma demissão, você se tornou mais difícil e duro? Sua casca parece a mesma, mas você está mais amargo e obstinado, com o coração e o espírito inflexíveis? 
   Ou será que você é como o pó de café? Ele muda a água fervente, a coisa que está trazendo a dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a 100 graus centígrados. Quanto mais quente estiver a água, mais gostoso se torna o café. 
   Se você é como o pó de café, quando as coisas se tornam piores, você se torna melhor e faz com que as coisas em torno de você também se tornem melhores.
E nós?Como será que estamos lidando com as adversidades? Como a cenoura, o ovo ou o café?

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Procusto


llTalvez novamente você esteja estranhando o título da coluna. Porém este título é relativo a um personagem de uma lenda. Aliás, é impressionante o quanto há de riqueza de ensinamentos que as civilizações antigas nos proporcionam até hoje. Na realidade é bem possível que hoje estejamos nos esforçando muito para redescobrir a real sabedoria que por motivos diversos acabou ficando fora de nosso alcance.
Na mitologia grega, diz a lenda que viajantes em certas circunstâncias ficavam sem abrigo para passar a noite. Então, um gigante chamado Procusto que ficava a espreita para abordar estes viajantes, convidava-os para passar a noite em sua cama de ferro.
Porém, havia uma armadilha: Para que pudessem usufruir desta hospitalidade era necessário que os visitantes coubessem, com perfeição, na cama. Se eram muito baixos, ele os esticava de modo a ficarem do tamanho da cama; se eram altos demais, cortava suas pernas. Ninguém sobrevivia, pois nunca ninguém se ajustava exatamente ao tamanho da cama.
Talvez em um primeiro momento, esta lenda não nos diga muita coisa. No entanto, se olharmos com um pouco mais de atenção, será que não acabamos fazendo a mesma coisa com as pessoas?
Será que não estamos gastando um bocado de energia emocional tentando "enquadrar", embora de formas menos drásticas, outras pessoas para que fiquem exatamente da maneira que gostaríamos que ficassem?
Esperamos, com freqüência, que os outros vivam segundo nossos padrões e ideais, ajustando-se aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então, assumimos a responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e emocionalmente saudáveis. 
A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos acontecem quando tentamos impor nossa vontade aos outros - quando tentamos administrá-los e controlá-los. 
Por este motivo, assumimos responsabilidades que não nos pertencem. Tentamos dirigir a vida das outras pessoas, com a intenção de influenciar tudo e confundimos opinar com controlar. Procusto representa a intolerância do homem em relação ao seu semelhante. 
Ninguém muda até que esteja disposto a mudar. Estamos fadados ao fracasso ao tentarmos controlar ou modificar alguém, não importa o quanto sejam nobres nossas intenções. Além disso, mostramos falta de respeito por seus direitos como indivíduo, tirando a oportunidade de aprenderem através de suas próprias escolhas, decisões e erros. 
Mesmo porque existe uma “Lei” chamada “causa e efeito”. As pessoas colhem os frutos de acordo com as sementes que plantaram. E por mais que sejam pessoas que amamos, por mais que às vezes isto nos traga dissabores não está no nosso controle decidirmos por elas. Há uma frase que gosto muito que diz: “Na vida não existem recompensas e não existem castigos. Existem apenas consequências”.
Infelizmente alguns passam a vida colocando a culpa de seus insucessos nos outros e não percebem que os acontecimentos são resultados de suas próprias atitudes – ou da falta delas. Cabe a nós respeitar. 

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Criador e criatura


llPerceba como esta história pode dizer muito em relação à nossa busca pelos nossos sonhos.
Talvez nossa vida seja tão corrida que nem nos atentemos para isto. Aliás, esta correria, esta falta de tempo pode estar atrelada justamente à quantidade de coisas que temos para resolver. Muitas destas coisas atendem a um binômio que serviu como título da coluna. Criador e criatura. 
Os livros sagrados, das mais variadas religiões, apontam que somos feitos à imagem e semelhança do Criador. Deus é este Criador e nós somos as criaturas. Mas, será que esta equação pode ser representada de outra maneira? Somos sempre criaturas ou também somos criadores? O que você pensa sobre isso?
Particularmente, creio que esta resposta seja tão evidente, mas tão evidente que faz com que as pessoas negligenciem seu significado. Da mesma forma que podemos nos considerar criaturas de Deus, devemos saber que somos também criadores.
E talvez você esteja se perguntando: como assim? Simples. Há uma máxima do conhecimento antigo que diz que ‘semelhante ao que está em cima, é o que está embaixo’, ou seja, que assim como acontece no aspecto ‘macro’, acontece no ‘micro’. 
De maneira mais direta e objetiva, somos os responsáveis pela nossa realidade. Somos os criadores e as situações de nossa vida são nossas ‘criaturas’. Está cheio de problemas? Pois bem, todos eles são criaturas suas. Tem tido resultados ótimos? Foi você que os criou também. Repita sempre para si mesmo. Criador e criatura. Você é o Criador e o que acontece com você é resultado das atitudes que tem tido em sua vida. 
Mas ainda fica uma dúvida: então Deus não tem nenhuma interferência nisto? Mais uma vez, tomo a liberdade de expor minha opinião. Claro que sim. Mas não do jeito que algumas pessoas insistem em considerar. Imagine o seguinte: a pessoa ingere bebidas alcoólicas em excesso por um longo período. Depois de algum tempo desenvolve uma cirrose ou outra doença do fígado. “Culpa” de Deus? Claro que não! Apenas uma consequência das atitudes daquela pessoa. Novamente: criador e criatura.
Outros conseguem admiração, respeito, consideração e carinho de colegas de trabalho, familiares, amigos. Sorte? Acaso? Não! Consequência provavelmente de uma conduta exemplar no dia a dia desta pessoa. Criador e criatura.
E esta lei se aplica a tudo? Penso que sim. Contudo, uma pergunta pode ficar no ar: e naqueles casos em que algo acontece, mas as pessoas (teoricamente) não tem interferência? Acidentes, crianças que nascem com problemas, pessoas que trabalham e fazem tudo ‘direito’ e para as quais aparentemente nada dá certo?
Bem, estas são questões que peço que você avalie de acordo com sua forma peculiar de ver o mundo. Afinal, nem espaço suficiente para discutirmos isto temos aqui. Por enquanto, faça uma auto avaliação. E perceba quais as ‘criaturas’ que você tem gerado em sua vida. Veja se está fazendo como Mary Shelley e criando ‘Frankensteins’.

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Tesouro de Bresa


llPerceba como esta história pode dizer muito em relação à nossa busca pelos nossos sonhos.
“Houve outrora na Babilônia um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Um dia, parou na porta de sua humilde casa um velho mercador da Fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos. 
Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. E qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: "O segredo do tesouro de Bresa”. 
Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus. Em função disso, ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros.
Passou a ganhar muito mais e a viver em uma confortável casa.
Continuando a ler o livro, encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.
Ainda por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto conhecimento.
Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo. Graças ao seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo. No entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro.
Certa vez, então, teve a oportunidade de questionar um sábio sacerdote a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu:
- O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa "saber"... 
Com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros inimagináveis. O tesouro de Bresa é o saber, que qualquer homem esforçado pode alcançar. Por meio da busca do desenvolvimento contínuo, que traz "tesouros encantados" àqueles que se dedicam à sua busca com amor e persistência.
Esta simples história é o símbolo de um sistema de gestão empresarial e pessoal japonês chamado KAIZEN, cuja transcrição para o português traz o significado “Melhoria Contínua”. Este sistema, adotado por diversas empresas no mundo fez, por exemplo, com que a Toyota se tornasse uma das grandes potências mundiais no segmento automobilístico. 


Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt