quinta-feira, 3 de março de 2011

Civilidade e bom senso

Mais uma vez ao começar um texto recorro ao dicionário para procurar o significado exato de um termo que sinceramente achei que não estivesse ali tamanho é o déficit disto na sociedade. Civilidade: Observação das conveniências, das boas maneiras em sociedade; cortesia, urbanidade, polidez.

Centenas de vezes ouvi o clichê: “Vivemos num mundo civilizado...”. Pelo conceito da palavra, não existe mentira maior. No Brasil então, passa longe. O fato é que estamos tão habituados a isto, que certas coisas passam despercebidas. Pior, muitas vezes nós mesmos é que colaboramos para que estes maus hábitos se estabeleçam. 

Já abordei em outra coluna a questão das ‘palavras mágicas’ como obrigado, por favor, desculpe e com licença, entre outras, mas creio que isto está muito mais ligado a questões de educação pessoal. Quando falamos em civilidade, falamos em normas de bom convívio em comunidade. E aí as coisas ficam mais estreitas. O que me motivou a escrever este texto foi uma visita ao cinema nesta semana. Fiquei perplexo em como as pessoas são inconvenientes. Não existe o mínimo respeito para com os outros e faltam noções básicas de comportamento social. 

Certamente você já passou por situações deste tipo: Pessoas falando alto ao celular, furando fila, brigando por vagas de estacionamento, parando em locais proibidos, conversando em um tom de voz inapropriado, jogando lixo na rua, querendo levar vantagem, agindo com vandalismo e vivendo como se não existissem outros no mundo. Em um comum ‘efeito cascata’ estes atos podem causar danos inimagináveis.

Por si só esta situação já é desconsoladora. Contudo, além do aumento do número de conflitos (quantas vezes já ouvimos notícias de morte após uma discussão de trânsito?) há impactos ‘invisíveis’ gerados por esta falta de civilidade.

Uma sociedade mais civilizada geraria imediatamente, por meio da óbvia melhoria na convivência entre os seres humanos, diminuindo o estresse e melhorando até a saúde  física das pessoas. Numa percepção ainda mais sutil, um estudo da Universidade John Hopkins, calculou o custo da falta de civilidade nos Estados Unidos: 30 bilhões de dólares. Muito provavelmente no Brasil estes dados devem ser bem maiores. O motivo? A população é mal educada. Os reajustes dos preços de serviços como telefonia e transporte público, por exemplo, levam em consideração os gastos com depredação. Para se ter uma idéia, só no estado de SP, são gastos 14 milhões por ano para consertos de telefones públicos destruídos por vândalos. Um valor muito semelhante é investido para recuperar o patrimônio das pichações. É dinheiro suficiente para aquisição de mais de 170.000 cestas básicas.

Bom senso, ‘desconfiômetro’, integridade, boas maneiras, tolerância, honestidade, respeito, decoro, normas básicas de educação, cuidado com o patrimônio público são pontos cruciais para fortalecer relações cordiais. Para que este conceito se estabeleça são necessárias medidas de conscientização, principalmente de crianças e jovens e também pequenas atitudes, feitas por nós. Será que estamos ao menos fazendo nossa parte?

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