quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Perdas e ganhos

llO título da coluna de hoje é o mesmo título de um livro que li faz muito tempo, de autoria de Lya Luft e que tem como mote central o processo de envelhecimento da mulher e suas peculiaridades.
Neste caso, no entanto, optei pelo título, pois este ‘processo’ de perdas e ganhos permeia a vida de cada um de nós e certamente encarar esta questão com naturalidade e serenidade acaba nos ajudando a sofrer menos e sentirmo-nos mais felizes. 
Vou além. Esta equação perdas/ganhos ocupa um papel de destaque em nossa existência, pois é uma equação que transcende leis matemáticas. Não são diretamente proporcionais. Às vezes perdemos muito e ganhamos pouco. Em outras acontece o contrário.  Em grande parte das situações da nossa vida, para ganharmos algo, temos de ‘perder’ outro algo. Desde as situações mais simples, até nos principais dilemas da vida.
Mas afinal, trata-se de algo simples? A resposta é um sonoro e categórico NÃO. Não é simples porque não gostamos, não somos acostumados a lidar com perdas. Se pudesse optar, o ser humano só ganharia. Também, pelo fato de que quando temos de escolher alguma coisa em detrimento de outra, temos de DECIDIR. E algumas pessoas são extremamente indecisas. E por último, e na minha modesta opinião mais difícil, está naquelas situações onde este processo de perdas e ganhos, ao menos um dos componentes é intangível, abstrato.
Isto acontece, por exemplo, quando estamos ‘trocando’ alguma coisa material por um sonho, um desejo, uma convicção, um sentimento. Está ficando complicado? Calma lá. Uma coisa é ‘perder’ uma reserva financeira para ‘ganhar’ uma casa ou um carro novo. A pessoa disporia de um valor em dinheiro para ter em troca outra coisa. Ambas concretas e tangíveis. Mesmo assim, algumas pessoas hesitam. Sentem-se inseguras em ficar ‘desguarnecidas’ financeiramente.
Entretanto, o pior reside quando trocamos algo ‘palpável’, que está em nossas mãos, por algo que parece ser subjetivo. Por exemplo, quando temos a opção de trocar uma carreira, um salário, que bem ou mal cai na conta no final do mês por um sonho, uma nova oportunidade que traz consigo um número igual de perspectivas e incertezas.
Já passei por algumas situações destas na vida, ultimamente inclusive. E cada vez mais uma coisa fica clara. A dificuldade em mensurarmos esta questão de perdas e ganhos acontece apenas quando não conseguimos dimensionar as nossas próprias capacidades e somos tomados pelos sentimentos de insegurança e incerteza.
Temos de fazer escolhas, isto é inevitável. Porém, nem sempre elas são tão claras para nós. Em qualquer uma delas, ganharemos algo e perderemos algo. Também é inevitável, faz parte do nosso processo de aprendizado e humanização. Como agir então? Pois é também estou aprendendo. E uma das poucas coisas que descobri é que não há perda no mundo capaz de suprir os ganhos que acompanham a sensação de obtermos nossos sonhos e nossa paz de espírito.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A sogra

Diz uma lenda oriental que há muito tempo, na China, uma moça casou-se e foi viver com o marido e a sogra. Em pouco tempo, a moça percebeu que dificilmente se daria bem com sua sogra. Os temperamentos delas eram muito diferentes e a moça a cada dia ficava mais furiosa com os hábitos de sua sogra. 
Mas, o pior de tudo era que, de acordo com antiga tradição chinesa, a nora tinha que se curvar à sogra e obedecê-la em tudo o que ela desejasse. Este comportamento estava causando ao pobre marido um grande estresse.
Finalmente, não agüentando mais, a moça decidiu tomar uma atitude. Foi ver o Sr. Huang, bom amigo de seu pai, que vendia ervas. Ela lhe falou sobre a situação e pediu que lhe desse algum veneno para resolver o problema de uma vez por todas. O Sr. Huang pensou por algum tempo e finalmente disse:
-Eu ajudarei você a resolver seu problema, mas você tem que me escutar e obedecer a todas as instruções que eu lhe der. O homem entrou no quarto dos fundos e voltou após alguns minutos com um pacote de ervas. Ele explicou:
- Você não pode usar tudo de uma só vez para se libertar de sua sogra, porque isso causaria suspeitas. Eu lhe dou várias ervas que vão lentamente envenenar sua sogra. A cada dois dias prepare alguma carne, de porco ou galinha, e ponha um pouco destas ervas no prato dela. Mas, para ter certeza de que ninguém irá suspeitar de você quando ela morrer, deve ter muito cuidado e agir de forma muito amigável com ela. Não discuta com ela, obedeça-a em tudo e trate-a como se fosse uma rainha.
A moça ficou muito contente. Agradeceu ao Sr. Huang e voltou apressada para casa para começar o projeto de assassinar a sua sogra. O tempo foi passando, e, cada dois dias, a nora servia a comida, especialmente preparada, à sua sogra. Ela se lembrava do que o Sr. Huang tinha dito sobre evitar suspeitas. Assim ela controlou o seu temperamento, obedeceu à sogra, e a tratou como se fosse sua própria mãe. Depois de seis meses, a casa inteira tinha mudado. A moça tinha equilibrado tanto o seu temperamento que quase nunca se aborrecia.
Nestes seis meses, não tinha tido uma discussão com a sogra, que parecia agora muito mais amável e mais fácil de lidar. As atitudes da sogra também mudaram, e ela começou a dizer aos amigos e parentes que a moça era a melhor nora que alguém poderia achar. Elas estavam tratando uma à outra como verdadeiras mãe e filha. 
Um dia, a moça foi ver o Sr. Huang e pediu-lhe ajuda novamente. Ela disse:
- Querido Sr. Huang, por favor, me ajude a evitar que o veneno mate minha sogra! Ela se transformou em uma mulher agradável e eu a amo como minha própria mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que eu lhe dei.
Sr. Huang sorriu e acenou com a cabeça.
- Não há nada com que se preocupar. Eu nunca lhe dei qualquer veneno. As ervas que eu dei a você eram vitaminas para melhorar a saúde dela. O único veneno estava em sua mente e em sua atitude para com ela, mas isso tudo foi jogado fora pelo amor que você deu a ela e pela mudança de perspectiva que isto gerou em ambas.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Wabi Sabi

llWabi Sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. O termo é quase que intraduzível para o português.
De maneira mais concreta, wabi sabi é um jeito de “ver” as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade. 
Diz-se que este conceito surgiu por volta do século XV, quando um jovem chamado Sen no Rikyu queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá e foi procurar o grande mestre Takeno Joo.
Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim e ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas ajeitadas e na mais perfeita ordem.
Contudo, antes de apresentar o resultado ao mestre, Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão.
Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu virou um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi sabi:  a arte da imperfeição. É a mesma premissa adotada em relação aos tapetes persas que sempre tem um pequeno defeito, apenas para lembrar a quem olha, de que só Deus é perfeito. 
Esta expressão, wabi sabi, teria muita utilidade se utilizada em nosso dia a dia. Em um contexto de exigência, cobranças e críticas que temos em relação a nós mesmos e aos outros seria um alento se conseguíssemos desenvolver tal maneira de ver as coisas. Esta busca demasiada e sem critérios pela perfeição advém de uma necessidade de adequação a padrões impostos pela sociedade ou por nós mesmos.
O desejo de acertar sempre, a necessidade de estar no controle aumenta a ansiedade e nos impede de evoluir. Há sim beleza e virtude nas coisas imperfeitas, desde que vistas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.
Quantas pessoas passam uma boa parte do tempo sofrendo porque não se sentem adequadas a determinado contexto? Quantos se torturam por não estar enquadrados em certo padrão de beleza? Quantos sofrem preconceitos porque não são exatamente aquilo que é considerado certo ser?
Os reflexos disto podem ser sentidos também nas relações humanas, onde expectativas quase irreais são depositadas nos ombros das pessoas e estas sentem-se obrigadas a cumpri-las e os resultados são quase sempre conflitos, sofrimento, frustração, ansiedade e estresse. 
Os mestres orientais, com a cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo perceberam que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar. E a natureza é que tudo percorra seu ciclo de nascimento, desenvolvimento e morte, já que todas as coisas são impermanentes, imperfeitas e incompletas. E se não fosse assim, se não fôssemos imperfeitos e tivéssemos a chance de evoluir e melhorar que sentido teria a vida, que é feita de tantas coisas não convencionais?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mudar ou inovar?

llDentre os paradigmas mais arraigados da humanidade está o de que o ser humano é resistente a mudanças. Concordo. Em partes. Evolutivamente, quando pensamos em nossos ancestrais e mais recentemente nas gerações passadas, chegamos à conclusão que diversas mudanças foram necessárias para que nos encontrássemos onde estamos hoje.
E uma coisa é inegável. A mudança traz desconforto ao passo que obrigatoriamente nos tira da zona de conforto. Faz com que abandonemos determinada situação para nos inserir em outra. Casos típicos? Mudança de emprego, mudança de casa, mudança de namorado ou namorada, enfim uma infinidade de situações que fazem com que alteremos, às vezes radicalmente, o status quo. Além disso, mudanças normalmente estão atreladas a rupturas, por vezes dolorosas, acontecem quando ‘jogamos fora’ o antigo ou abandonamos algo e principalmente quando temos de partir para algo a que não estamos... acostumados!
Isso mesmo! Talvez o grande dilema da mudança seja tentarmos algo que simplesmente é diferente daquilo que estamos habituados. Perceba, por mais que existam perspectivas promissoras no que é novo, muitas vezes preferimos mantermo-nos atrelados a algo que já conhecemos, por mais que isto já não nos seja mais suficiente. Há outra questão. Não necessariamente uma mudança é uma mudança para melhor.
Então surge a grande pergunta: Se é difícil mudar e não necessariamente a situação atual é satisfatória, como devemos agir? 
A boa notícia é que existe um ponto que talvez seja intermediário entre a mudança completa, que pode nos fazer tomar medidas mais radicais e a por vezes desinteressante opção de ficarmos exatamente como estamos. Este ponto, esta alternativa se chama INOVAR.
Mas existe diferença entre mudar e inovar? Muitas, pode ter certeza. Enquanto mudar significa romper, inovar significa muitas vezes obter uma perspectiva diferente daquilo que já existe. O inovar normalmente está ligado a uma releitura da situação, a potencializar recursos existentes e utilizá-los de modo diferente. Utilizando uma analogia mais simples, mudar seria trocar de casa ou de apartamento, enquanto inovar seria reformar a casa atual dando uma nova cara, uma nova roupagem, uma nova maneira de aproveitar aquilo que já existe. Inovar está ligado à chance de REconstruir um caminho, agregar algo novo àquilo que estamos habituados a fazer. 
Algumas pessoas vivem tentando achar uma rota correta na vida, mudando seus caminhos, mas o problema não está no caminho e sim no viajante, já que muitas vezes as grandes vitórias acontecem não quando mudamos, mas quando conseguimos ver a mesma situação por um prisma diferente. Isto é INOVAR.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Buda de Ouro

llDiz a lenda que existe um simples templo budista que deixa uma magnífica impressão em corações e mentes de quem o visita. Chama-se o "Templo do Buda de Ouro". O templo em si é muito pequeno, provavelmente não mais de que 10 x 10 metros. Mas, ao entrarmos, ficamos atordoados com a presença de um Buda de ouro maciço de 3,5 metros de altura. Ele pesa mais de duas toneladas e está avaliado em aproximadamente 196 milhões de dólares!
Dizem que é uma visão extremamente impressionante - o Buda de ouro maciço, gentil e bondoso, embora imponente, sorrindo para todos. Ao lado da peça há uma vitrine que contém um grande pedaço de barro com cerca de oito polegadas de espessura por doze polegadas de largura, com uma página descrevendo a história desta magnífica peça de arte.
Nos idos de 1957, um grupo de monges precisava transferir um Buda de barro de seu templo para um novo local. O monastério teria que ser transferido para ceder espaço à construção de uma auto-estrada que atravessaria Bangkok na Tailândia. Quando o guindaste começou a sustentar o ídolo gigantesco, seu peso era tamanho que ele começou a rachar. E, como se isso não bastasse, começou a chover. O monge superior, que estava preocupado com os danos que pudessem ocorrer ao Buda sagrado, resolveu devolver a estátua ao chão e cobrí-la com um grande encerado de lona para protegê-la da chuva.
Mais tarde, naquela noite, o monge foi verificar como estava o Buda. Acendeu sua lanterna sob o encerado para ver se o Buda continuava seco. Conforme a luz incidiu sobre a rachadura, o monge notou um pequeno brilho e achou estranho. Ao olhar mais de perto o reflexo da luz, perguntou-se se poderia haver algo sob o barro. Foi buscar um cinzel e um martelo no monastério e começou a retirar o barro. À medida que derrubava fragmentos de barro, o pequeno brilho se tornava maior e mais forte. Muitas horas de trabalho se passaram até que o monge se deparou com o extraordinário Buda de ouro maciço.
Os historiadores acreditam que algumas centenas de anos antes da descoberta do monge, o exército dos birmaneses estava prestes a invadir a Tailândia (chamada então de Sião). Os monges siameses, percebendo que seu país seria logo atacado, cobriram seu precioso Buda de ouro com uma camada externa de barro, a fim de evitar que seu tesouro fosse roubado pelos birmaneses. Infelizmente, parece que os birmaneses massacraram todos os monges siameses, e o bem guardado segredo do Buda de ouro permaneceu intacto até aquele fatídico dia em 1957.
Talvez todos nós sejamos como o Buda de barro, recobertos por uma concha de resistência criada pelo medo, por nossas crenças e comportamentos limitantes e ainda assim, dentro de cada um de nós, há um ‘Buda de ouro’, um ‘Cristo de ouro’ ou uma ‘essência de ouro’, que é o nosso Eu verdadeiro. Em algum lugar ao longo do caminho, começamos a encobrir nossa 'essência de ouro', nosso eu natural. E, assim como o monge, com o martelo e o cinzel, nossa tarefa agora é redescobrir mais uma vez a nossa verdadeira essência.

Dr. Jose´Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ordem e Caos

Por mais que pareça lugar comum é inegável que o ser humano é uma criatura instável. Aliás, os que aparentam ser estáveis demais é que mais me preocupam. Alguns poucos são realmente equilibrados, enquanto os demais são apenas personagens forjados que só mostram quem realmente são atrás das cortinas, nos bastidores, quando a luz se apaga e o público se vai. Mas isto são outros quinhentos.
O ponto importante aqui é a tal instabilidade. Estas oscilações malucas que todos vivemos e que por mais que reclamemos serve para nos deixar alertas é essencial. Tudo bem que em grande parte das vezes as tempestades acabam durando mais tempo do que gostaríamos, mas aí também residem duas questões importantes. Primeira: Nenhuma delas é forte demais para nos derrubar totalmente. Às vezes nos tiram um pouco a posição de conforto em que estávamos, mas geralmente não são capazes de nos tirar do jogo da vida. Segunda coisa: Quem disse que o que queremos que aconteça, da forma que queremos é o melhor para se acontecer? 
Já reparou nisso? Quantas vezes as coisas saem diferente do que imaginávamos e depois de um tempo... Pumba! O que nós sempre almejamos acontece. Isto é representado pela velha máxima popular: ‘Deus escreve certo por linhas tortas’. Será? 
Pessoalmente acho o contrário. Nós é que vivemos querendo que linhas tortas encurtem nosso caminho, sirvam como atalho para que cheguemos aos nossos objetivos e Ele acaba fazendo com que as coisas aconteçam do jeito certo.
A segunda questão importante pode ser resumida por um adágio da sabedoria antiga que diz o seguinte: Ordo Ab Chao, em uma tradução livre e apropriada: ‘A ordem vem do caos’. Normalmente a impressão das pessoas em relação à palavra ‘caos’ é a pior possível, mas caos nada mais significa do que: desordem, confusão. E talvez você esteja pensando: ‘Mas José Carlos, confusão e desordem são coisas boas?’
Depende. Isso mesmo, depende. Depende da situação, da fase, do ponto de vista. Mas é só por meio das desordens que acontecem em nossas vidas é que conseguimos reorganizá-la de modo adequado. Por mais demorado e doloroso que seja. Pode lembrar-se de momentos conturbados que teve em sua vida e perceberá que logo após tais momentos sua vida tomou um rumo diferente, que lhe trouxe possibilidades novas. Pode ter sido a troca de trabalho, um término de relacionamento ou até uma perda importante. Esta desordem é que move o mundo. A natureza está em constante movimento, mas é algo imperceptível para nós.
O fato é que muitas vezes temos a impressão de que conosco as coisas são um pouco diferentes e as turbulências demoram a passar. Muito provavelmente é porque ainda nos encontramos na fase do caos. E ela parece demorada e difícil de ser superada. Como disse anteriormente, as coisas não acontecem exatamente quando e como queremos que aconteçam. Elas seguem um propósito maior e tem seu tempo certo de maturação. E acredite, isso pode ser muito bom.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

11/11/11

llHoje. Ao ler esta coluna você estará vivenciando um dia que se repetirá apenas daqui 100 anos. Muito já se disse sobre esta data. Há até um filme que deve estrear que fala sobre isto. Diversas correntes religiosas e espiritualistas aguardam ansiosamente a chegada desta sexta feira.
Particularmente acho interessante e marcante este dia, já que a empresa que atuo se chama ‘Elleven’ (adaptação da tradução do número 11 em inglês, eleven). Aproveitaremos para fazer uma confraternização entre nossos parceiros, clientes e equipe.
Muito do que tem sido dito sobre a data, bem como sobre o ‘tal’ fim do mundo que aconteceria em 2012, diz respeito a linhas de estudos religiosos, metafísicos e de culturas antigas como a dos maias, origem desta tal profecia que dá como a data final de nosso planeta dezembro do ano que vem.
Aprendi a escutar e respeitar todos estes conceitos, mas confesso que infelizmente há uma abordagem sensacionalista e equivocada de tais assuntos. Lembro-me de algumas ‘teorias apocalípticas’ já anunciadas aos quatro ventos que jamais se concretizaram. Em contra partida também não acho correto quem, por causa de preconceitos, se nega a perceber algumas coisas que estão acontecendo a sua volta.
Creio que não devemos simplesmente ignorar estes acontecimentos. Muito do que tenho lido a respeito do 11/11/11 faz alusão a uma mudança ‘cósmica’ que se intensificará a partir de hoje. Bobagem? Talvez sim. Ou não.
E se realmente isto estiver a ponto de acontecer? Não uma mudança visível, repleta de explosões no céu, vulcões entrando em erupção, terremotos e tsunamis, mas sim uma mudança mais sutil, silenciosa, interior, essencial?
É inegável que estamos vivendo uma fase de transição. Só não percebe quem não está atento. Pode reparar. Isto se manifesta nos comportamentos e na saúde das pessoas, nos relacionamentos, em nossa vida e na natureza.
Há uma forte e poderosa mudança em trânsito, da qual não temos controle absoluto, mas temos sim influência. Será que esta mudança não seria benéfica? Será que nossa humanidade não está necessitando disto? E já que temos influência neste contexto, como poderíamos agir para melhorá-lo? E se ao invés de sermos espectadores destas mudanças ligadas a uma data específica ou a algum fenômeno fôssemos os criadores ou no mínimo participantes ativos desta nova fase que tanto se comenta por aí?
Como fazer isto? Imagine se cada ser humano se propusesse a fazer premeditadamente uma ação bacana por dia ou a trocar um comportamento. Coisas simples, do tipo: dar um bom dia ao funcionário da loja que frequenta ou ceder o lugar do ônibus a alguém? Você já faz isso? Que ótimo! Imagina se todos fizessem, será que a convivência entre as pessoas não seria mais cordial e respeitosa?
Pode ser utopia de minha parte que todos façam isso. Mas certamente se alguns mais o fizessem as coisas já melhorariam. Temos esta opção. Ou podemos esperar outra data simbolicamente significativa para ficarmos esperando que uma mudança ‘caia do céu’ e transforme as pessoas. Você se comprometeria a fazer uma ação por dia para gerar esta melhoria? E se fizesse 11?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Distimia

A situação se repete dia após dia e pode acontecer em seu trabalho ou na relação com alguém da família. A pessoa chega com a cara amarrada, de poucos amigos e manifesta o quanto está contrariada por alguma coisa. São conhecidos no ambiente como os mal humorados, ranzinzas, rabugentos.
Talvez você mesmo tenha alguns dias com o humor bem instável. A rotina estressante a que grande parte de nós está submetido podem gerar desconforto e abalar o humor, mas o fato é que há pessoas que constantemente apresentam este comportamento. Para estas pessoas o mau humor recorrente pode significar mais do que um comportamento passageiro.
Há um distúrbio conhecido como distimia, um mau humor crônico que influencia não só a vida do paciente como também das pessoas que convivem com ele. A grande dificuldade está em diferenciar episódios ocasionais de mau humor com a doença propriamente dita. 
Uma característica comum do paciente com distimia é a irritação e preocupação excessiva até quando a situação é positiva. Em alguns casos mais graves, o paciente encontra problemas até mesmo em situações benéficas como ganhar um prêmio na loteria. Fica irritado porque, por exemplo, daqui por diante acredita que sua família não estará mais em segurança. Em suma, quando as alterações de humor passam a ser comuns e a pessoa fica irritada quando está calor e repete o mesmo padrão comportamental quando está frio, talvez algo esteja errado.
Algo também relevante é que o distímico (como é chamado o paciente que tem distimia) além do já comentado mau humor apresenta também tristeza, pessimismo, sensação de constante insatisfação, falta de motivação e auto estima.
Geralmente a distimia começa a aparecer na adolescência ou no adulto jovem e pode perdurar por toda a vida se não for tratada corretamente. Os sintomas que mais chamam a atenção, no seu início, são a irritação com qualquer coisa, o costume de ver problemas em tudo e o isolamento social. Estatísticas da Organização Mundial de Saúde apontam que até 180 milhões de pessoas no mundo são portadoras da doença e as mulheres são afetadas duas vezes mais do que os homens. Neste caso a questão hormonal faz diferença sim. 
Caso a doença não seja corretamente tratada, e um tratamento pode levar até dois anos, o paciente tem 70% de chance de desenvolver a depressão. As principais diferenças entre a distimia e a depressão são a relação social do paciente e alguns sintomas físicos que aparecem normalmente na depressão, mas não ocorrem na distimia, como alteração de apetite, sono e energia. 
Outra diferença importante é que na maioria dos casos a pessoa depressiva busca se isolar de qualquer atividade, enquanto o distímico continua realizando suas funções normais, mas sem sentir prazer e satisfação ao realizá-las.  A grande dificuldade é perceber que há algo errado e que os episódios de mau humor não são apenas características do indivíduo. Apenas um diagnóstico clínico criterioso realizado por um psiquiatra ou psicólogo pode apontar a ocorrência da doença e seu método correto de tratamento.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

EQUAÇÕES

llA vida não é uma ciência exata.  Para alguns, nenhuma novidade nesta afirmação, enquanto para outros o que acabo de escrever é um tremendo absurdo. Não adianta: por mais que planejemos, e acredito que planejamento é uma ferramenta realmente eficaz, há variáveis que não estão no nosso controle. Podemos agir, tentar impor nossa Vontade, mas há coisas que definitivamente fogem à nossa alçada.
O motivo de tal reflexão? Porque hoje, por motivos que não vem ao caso, em uma bela noite de quinta feira, encontro-me assistindo uma aula de álgebra linear. O que é álgebra linear? Confesso que não faço idéia. Desde pequeno penso que eu e a matemática não nascemos um para o outro. Deparo-me com funções, senos, cossenos e fórmulas matemáticas completamente malucas. Nada poderia parecer mais obscuro. 
Contudo, se antigamente isso me causava arrepios, hoje me traz serenidade. Entendo claramente que minha inabilidade com tais assuntos, certamente foi um dos motivos que me fizeram cursar Odontologia e posteriormente enveredar para o caminho de treinamento e desenvolvimento humano.
Vale ressaltar. Nada contra as ciências exatas. Segundo Howard Gardner, estudioso do comportamento humano e ‘pai’ da Teoria das Inteligências Múltiplas, cada um de nós possui alguns ‘tipos’ de inteligência mais desenvolvida, dentre as quais a inteligência matemática é uma delas. Admiro quem desenvolveu esta vertente de inteligência, mas sinceramente não é o meu caso.
Não sou um homem de exatas. Não sou guiado por números e valores matemáticos. Sou guiado por sentimentos e pessoas. E o que me fez trilhar o caminho que trilho hoje é que acredito que o ser humano, seja biologicamente ou em sua psique não é uma criatura linear, exata. Não se pode colocar o ser humano dentro de uma equação ou de qualquer outra operação matemática. 
Olhando para o quadro e vendo esta infinidade de números que não me dizem nada, entendo porque estou aqui. Para ter certeza que sou um homem que não vivo DE e POR números. Para sedimentar minha linha de conduta que prima por tratar pessoas como pessoas humanas e não como números, estatísticas. Não sou um homem de exatas. Sou um homem de biológicas e humanas. Não sou cálculo. Sou cura e relacionamentos, tudo que há de mais inexato e subjetivo em relação ao ser humano em seus aspectos orgânicos, afetivos e sociais. Não há operação matemática capaz de explicar sentimentos como altruísmo e amor.
Há teorias que dizem que o Universo funciona segundo leis matemáticas e mesmo fenômenos naturais se enquadrariam em tais leis. Sinceramente não duvido disto. Apenas acredito que algumas destas equações da vida, habilmente criadas por um Grande Arquiteto, jamais serão solucionadas por nós. E que não precisamos sofrer por causa disso. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Os ciclos se repetem

llHá uma bela reflexão sobre um homem que perguntou a um sábio sobre oráculos, se eles realmente funcionavam. O sábio homem afirmou ao aprendiz que sim, funcionavam. E muito. Exceto para aquelas pessoas que conseguiam atingir a 'iluminação'. Disse que os 'iluminados' eram tão vazios de seu passado e tão plenos em seu presente, que seria impossível prever o futuro. 
O jovem aprendiz então perguntou: "Mas o que isto tem a ver com as previsões do futuro? Por que é impossível sentir as decisões futuras destas pessoas?" E mais uma vez aquele velho homem, sorrindo, explicou que os oráculos não leem o futuro dos homens. Leem seu passado. E o ser humano nada mais é do que uma constante, e às vezes triste, repetição de si mesmo. Os ciclos se repetem.
É fato. Os ciclos se repetem. Nossa vida é feita de ciclos. Já aconteceu com você, comigo, com pessoas próximas a nós. Ainda que não tenhamos nos dado conta disso. Repetimos padrões nos mais diversos segmentos de nossa vida. Se formos avaliar a fundo, nossos relacionamentos profissionais, afetivos, familiares, todos eles seguem certo padrão.
Reavalie, por exemplo, situações profissionais suas: Talvez em épocas diferentes, empresas diferentes, atividades diferentes, certamente havia semelhanças entre elas. Ou um chefe autoritário, opressor, talvez alguém querendo 'puxar seu tapete' ou ainda alguém que você confiava e que lhe 'passou a perna'. 
É muito provável que você perceba identificações entre as situações. E se examinar mais a fundo, perceberá que padrões semelhantes se aplicam a outras situações de sua vida. Não concorda? Avalie mais a fundo. Identifique as repetições que existem e existiram em sua vida e se surpreenderá com a quantidade de vezes que isto acontece. Todos nós estamos sujeitos a erros. O problema é que quase sempre erramos nas mesmas coisas, repetimos os mesmos padrões de comportamento.
A má notícia? Pessoas passam a vida repetindo ciclos. Passam toda uma existência sem se dar conta que estão incorrendo nos mesmos erros. E reclamam, se culpam, colocam a culpa nos outros, dão justificativas, desculpas, mas insistem em não dar a devida atenção ao que muitas vezes está explícito, claro, pulsante a sua frente. Que estão repetindo ciclos.
A boa notícia? A partir do momento que percebemos isto, podemos romper estes ciclos, quebrá-los. E ao fazer isto, rompemos inclusive com um padrão energético que circunda isto. Estamos alterando, modificando o 'caminho', o que automaticamente torna diferente o 'final'.
Somos uma constante repetição. E se não percebermos isto estaremos fadados a cair sempre nas mesmas armadilhas, geradas pela nossa falta de percepção. Chico Xavier dizia que em nossa vida é impossível fazer um novo começo, mas temos toda a possibilidade (e a responsabilidade) de fazer um novo fim. Para isto é fundamental que percebamos estes ciclos repetidos. E tenhamos a atitude necessária para alterá-los.

Dr. Jose´Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina 
Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Discursos e Soluções

llAlguns acontecimentos das últimas semanas somados a uma observação silenciosa e apurada que tenho feito de pessoas com as quais mantenho contato esporadicamente me fizeram definir o texto desta semana.
As coisas estão tão esquisitas que vale a pena parar para refletir. Particularmente, ‘viajando’ um pouco, creio que o momento atual seja crucial para o que viveremos nos próximos anos. Não apenas porque obviamente nosso futuro depende do hoje, mas exatamente porque penso que passamos por um momento de transição. Talvez uma das maiores transições que a humanidade já passou. Exagero? Teoria conspiratória? Prenúncio do apocalipse? Proximidade do ‘temido’ 2012? Nada disso. Basta perceber as pessoas que convivem com você, com as quais você se relaciona em seu trabalho, família e vida social.
 É impressionante o vazio que toma conta de alguns. Sem críticas, ok? Apenas uma constatação. Relacionamentos impessoais, padrões de conduta mecanizados, falta de propósitos e porque não, falta de humanidade mesmo. Pode reparar. Grande parte das pessoas vive um ritmo tão absurdamente frenético que já não sabem mais o que lhes é importante. Duvida? Então pergunte a elas: o que é importante para você?
Certamente verá na fisionomia do seu interlocutor espanto, deboche ou dúvida. Ou receberá a resposta que o importante é comprar um modelo novo de TV com HDMI, um celular novo, ou qualquer coisa que momentaneamente sirva para preencher esta lacuna e para responder tal pergunta.
 É um momento de extremos. Enquanto uns se voltam para dentro de si para tentar achar alguma resposta que seja um motivo para seguir adiante, a maioria se distancia de si mesmo, buscando fora, meios para suprir tamanho vazio. Onde? Drogas, bebida, sexo, comida, bens de consumo, fanatismo religioso, relacionamentos sequenciais e desestruturados. Discurso moralista este meu? Talvez se enquadre mais na categoria de realista.
As pessoas vão buscar fora o que não encontram em si mesmas. Que seja dita a verdade, na maioria das vezes porque nem mesmo procuram. É mais fácil encontrar alguém ou algo que ilusoriamente supra tais necessidades. O perigo é que neste universo de dúvidas, existem alguns que se aproveitam para trazer as tão aguardadas ‘respostas’ a tantos questionamentos, dizendo exatamente aquilo que queremos (e precisamos) ouvir. Como se existisse alguém capaz de responder a você algo que só você mesmo pode descobrir. Desconfie das soluções mágicas, dos discursos formatados, mas acredite nas possibilidades que possam ser geradas para que VOCÊ descubra seu caminho. E esta descoberta, única e pessoal, talvez seja uma das coisas mais bonitas que podemos viver.

Dr. Jose´Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina 
Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Falsas Necessidades

llAlgumas semanas atrás, escrevi um texto sobre o valor e a importância da amizade. Corro o risco de parecer redundante, mas ainda assim nesta semana transcrevo um texto que fala exatamente sobre o mesmo assunto.
Narra uma crônica que um homem andava por uma estrada, acompanhado de seus fiéis animais: um cavalo e um cão. Pelo caminho, um raio os atingiu e os três foram fulminados. O homem não se deu conta que morrera e continuou andando, com seu cavalo e seu cão.
Longa era a caminhada, morro acima. O sol estava muito forte e a sede passou a castigá-los.
Numa curva do caminho, o homem avistou um portão magnífico, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro. Cumprimentando o guardião da entrada, o homem perguntou que lugar era aquele. Descobriu que ali era o Céu.
Feliz em saber que estava em um local tão agradável, indagou se poderia saciar a sua sede e a dos seus amigos, nas águas cristalinas da fonte que havia bem no centro da praça.
O senhor pode entrar e beber à vontade. - disse o guarda. Mas aqui não se permite a entrada de animais. O caminhante ficou muito desapontado. Grande era a sua sede, mas decidiu que não beberia sozinho.
Preferiu continuar sua caminhada. Exausto, mais adiante, deparou-se com uma porteira que se abria para uma estrada de terra, ladeada de árvores. À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu. Parecia dormir.
Estamos com muita sede, meu cavalo, meu cachorro e eu - disse o caminhante.
Indicando uma fonte, entre algumas pedras, foi-lhe dito que poderia beber à vontade.
O caminhante, o cavalo e o cachorro foram até à fonte e mataram a sede. Em seguida, ele retornou para agradecer.
E resolveu indagar: A propósito, como se chama este lugar?
Aqui é o Céu - foi a resposta.
Céu? - exclamou o caminhante, surpreso. Mas já passei pelo Céu. Era um lugar muito bonito com um grande portão de mármore.
Aquilo não é o Céu, esclareceu o outro. Aquilo é o Inferno.
O caminhante ficou perplexo.
Mas, vocês deviam tomar uma providência. Com a informação errada, que lá, naquele lugar, é dada, pode ocasionar muita confusão. Muitas pessoas podem ser enganadas.
O homem sorriu e calmo, explicou:
Na verdade, eles nos fazem um grande favor, porque lá ficam todos aqueles que são capazes de abandonar seus melhores amigos.
Fácil é a conquista e manutenção de amigos, quando a juventude compõe versos e a riqueza sorri. Contudo, é na forja da adversidade que os verdadeiros amigos se revelam. São esses que permanecem ao nosso lado, mesmo quando o mundo inteiro nos volta as costas. São eles que prosseguem conosco, mesmo com todas as dificuldades que o trajeto possa apresentar.

Obrigado a todos os amigos verdadeiros, que demonstraram tanto carinho e a amizade. Jamais esquecerei da importância de vocês em minha Odisséia. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Busca do Herói

llPoderes sobrenaturais, vestimentas e capas cheias de recursos, força além da conta, inimigos cruéis e também poderosos e mais uma série de outros atributos que nos parecem tão distantes. Talvez estas sejam as imagens que nos vem à mente quando pensamos no termo ‘Herói’.
Personagens existentes desde os mais remotos tempos, heróis são figuras arquetípicas que reúnem em si os atributos necessários para superar de forma excepcional os problemas que surgem em seu caminho, principalmente àqueles onde os obstáculos e dificuldades parecem intransponíveis. 
Independente da época e das correntes de estudo (filosóficas, religiosas, mitológicas ou literárias) o herói é marcado por uma projeção ambígua, ao representar por um lado a condição humana, em suas falibilidades e complexidade psicológica, social e ética e, por outro, transcendendo a mesma condição, na medida que apresenta facetas e virtudes que um homem comum normalmente tem dificuldades em obter, como fé, coragem, força de vontade, determinação e paciência, entre outras. 
O herói é normalmente guiado por propósitos nobres e altruístas, como  liberdade, fraternidade, sacrifício, coragem, justiça, nobreza, paz e motivações moralmente justas ou eticamente aprováveis.
Popularizados através dos contos, das histórias em quadrinhos, do cinema e de outras mídias, a cultura de massa absorveu a figura do ’’super-herói’’, indivíduos dotados de atributos extraordinários que os impulsionam a obter resultados inimagináveis para seres considerados comuns.
Enquanto a maioria das pessoas se acomoda, amedronta ou sucumbe diante de adversidades e desafios, é exatamente nestes momentos que as capacidades que poderiam estar até então inexploradas dentro do herói, surgem e resultam em esforços e feitos extraordinários. Diversas destas características heróicas pulsam dentro de cada um de nós e ouso dizer que muitas já foram usadas em momentos normalmente críticos de nossa vida. 
Heróis são pessoas como nós, que vivemos uma jornada composta de desafios e obstáculos diários, mas que optamos por fazer o certo, por servir de exemplo a quem nos cerca, servir de inspiração às pessoas. Heróis escolhem fazer por si mesmos e pelos outros muito mais do que a maioria das pessoas faria. Heróis são aqueles que persistem firmes em busca de ser melhores a cada dia e que se dispõem a vivenciar com honra e AMOR, esta maravilhosa Odisséia, chamada VIDA. 

Dr. Jose´Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina 
Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

1000

Fiquei positivamente surpreso ao receber a notícia de que esta seria a edição de número 1000 do querido Correio Paulista. Logo veio a idéia de escrever uma coluna sobre um assunto especial, que chamasse a atenção e fosse condizente com a importância histórica da data. Nada melhor e mais justo do que escrever sobre o jornal e a data comemorativa tão especial. Quando falamos em imprensa então, no Brasil, ah... este feito se torna ainda mais admirável.
Pode ver: 1000 gols de Pelé, de Romário (???), 1000 jogos de Rogério Ceni pelo São Paulo. Sempre é motivo de comemoração e registro.
Indo mais fundo na reflexão sobre a importância deste momento, pensei em minha vida profissional. Enquanto exerci a Odontologia creio que tenha atendido 1000 pacientes e agora que trabalho com treinamentos, palestras e cursos, certamente já tive a oportunidade de falar para 1000 pessoas. 
Entretanto, logicamente contando com a ajuda de parceiros, de companheiros e amigos, tratam-se de feitos pessoais. Já no caso do Correio Paulista talvez o grande desafio tenha sido o de democraticamente congregar sob um mesmo veículo, pontos de vista tão plurais e ainda assim manter sua linha mestra. 
Sou colaborador do Correio desde 2005 quando gentilmente fui convidado a ocupar um espaço para falar de saúde e qualidade de vida. Neste período, muitas coisas mudaram. No país, nos veículos de comunicação, na minha vida. E sou testemunha da busca constante dos profissionais em conseguir renovar-se e acompanhar a evolução sem deixar de lado a coerência e o profissionalismo. 
Ressalto que nestes 6 anos (caramba, já?) em nenhum momento fui cerceado ao emitir meus pontos de vista, meus comentários, ainda que muitos deles fossem talvez diferentes do que a maioria defendia. Agradeço a oportunidade em participar deste momento e de ter feito parte desta história. Pelo modo gentil, cordial, respeitoso e profissional como sempre fui tratado. Representado pelos Srs.Vítor e Wanderley Berrocozo e do competente e atencioso Gustavo Prachedes  cumprimento a todos os que fazem e fizeram parte desta caminhada. Parabéns pelas 1000 edições. E que venha a número 2000! 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Inimigo silencioso

Acontece com cada vez mais freqüência: A pessoa sente desânimo, tristeza sem motivo aparente, sensação constante de fadiga; Insônia ou pelo contrário, sono excessivo. Falta de prazer em atividades que anteriormente traziam satisfação. Sentimentos de culpa, dificuldades em concentrar-se e tomar decisões. Estes são apenas alguns sintomas da depressão, um inimigo que se torna mais comum a cada dia.
Para que tenhamos uma idéia, dados de 2008, divulgado nesta quarta-feira, revelam que a depressão é a quinta doença de maior ocorrência no Brasil, ficando atrás apenas das velhas conhecidas hipertensão, doença de coluna, artrite ou reumatismo e bronquite ou asma. Estima-se que cerca de 17 milhões de brasileiros tenham a doença. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), mais de 75.000 trabalhadores são afastados anualmente de suas atividades em decorrência da depressão.
Os dados são ainda mais impressionantes quando considerados em âmbito mundial. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão atinge 121 milhões de pessoas ao redor do mundo e está entre as principais causas que contribuem para incapacitar um indivíduo. Por ano, a depressão esta ligada à morte de cerca de 250.000 pessoas. A Organização Mundial de Saúde estima que em pouco mais de 10 anos a depressão será a segunda doença mais comum no mundo, devendo atingir o primeiro lugar no ranking em 2030. Ela também será a maior responsável por mortes prematuras e anos produtivos perdidos, dado seu potencial incapacitante.
Há muito tempo a depressão já é uma das doenças que mais gera custos econômicos e sociais aos governos já que além dos gastos com tratamento, existem também as perdas na produção. 
Ainda que não exista até hoje uma explicação científica conclusiva, sabe-se que a mulher é mais sensível à depressão. Há algumas teorias, entre elas a que relaciona esse efeito aos hormônios femininos.
Para ser diagnosticada clinicamente como portadora de depressão, a pessoa não precisa estar com todos esses sintomas. As causas da depressão podem ser biológicas, por meio de desequilíbrios bioquímicos na produção e captação relacionados a hormônios e neurotransmissores. Além das causas biológicas, fatores ambientais relacionados ao cotidiano atribulado e à falta de qualidade de vida das pessoas. Fatores comportamentais como crenças limitantes, baixa auto estima, falta de auto confiança também são potencializadores da depressão. 
Felizmente há tratamentos eficazes por meio de medicamentos e principalmente pela ação de psicólogos preparados e que por meio de técnicas modernas conseguem resultados expressivos e rápidos na cura da doença. Em caso de dúvidas e caso existam alguns destes sintomas ocorrendo simultaneamente procure um profissional para auxiliá-lo. O diagnóstico precoce favorece consideravelmente no êxito do tratamento.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Como NÃO ter sucesso...


Já li nos mais diversos lugares, dos mais variados tipos, dos mais variados autores as famosas ‘Dicas para alcançar o sucesso’. Considero ‘dicas’ importantes, afinal são diretrizes simples de como em tese podemos alcançar determinado objetivo ou fazer algo de maneira adequada. 
Entretanto, quando falamos em sucesso, há dois pontos a se considerar. Primeiro: O conceito de sucesso é subjetivo ao extremo. Varia de pessoa para pessoa. Logo, as dicas não servem para todos. Segundo: Se fosse tão simples assim não haveria tantas pessoas com a vida tão enrolada e repleta de insucessos. Obviamente há vários outros fatores envolvidos em se ter ou não sucesso. As tais dicas podem ajudar-nos, mas serão apenas uma base, ainda mais em um mundo tão competitivo e dinâmico.
Desta forma, resolvi fazer o contrário: Vou apontar algumas ‘dicas para NÃO ter sucesso’. Se estou ficando louco? Acho que não. Só me propus a enumerar alguns fatos, algumas dicas que certamente afastarão você cada dia mais do tal ‘sucesso’, seja lá qual for o conceito de sucesso para você. Quanto maior a quantidade de pontos que você seguir, menor sua chance de ser bem sucedido. Está curioso? Então lá vai:
1 – Aja como um perdedor: Lamente, se queixe, reclame e fique sempre focado em seus problemas. Jamais busque soluções.
2- Trate as pessoas com desrespeito, impessoalidade, indiferença. Não de atenção a ninguém que não represente para você uma boa oportunidade de negócios. Considere-as meros números em sua estratégia.
3- Seja mal humorado, arrogante e mal educado. Viva se achando a ‘última bolacha do pacote’. Faça questão de não guardar o nome das pessoas, próximas ou não.
4- Deixe sua saúde para depois. Afinal, dinheiro, trabalho, TV, relatórios, ‘baladas’, bebida, cigarro são muito mais importantes.
5- Gaste seu dinheiro sem planejamento e critério. De preferência gaste bem mais do que ganha. Faça dívidas, muitas dívidas, principalmente no cartão de crédito. Faça crediários intermináveis e pague por uma coisa três vezes seu real valor.
6- Use constantemente frases do tipo: ‘Não sei’, ‘não posso’, ‘não consigo’, ‘não sei se vai dar’, ‘isso é muito difícil’.
7- Coloque a culpa de seus fracassos nos outros. Esta é fundamental. Jamais assuma seus erros e aprenda com eles.
8- Aja como vítima. Viva dizendo que ‘todos estão contra você’, ‘que nada dá certo, ‘que você é azarado’, etc, etc, etc
9- Esteja sempre distante de pessoas que ama, como familiares e amigos. Visite-os apenas para cumprir obrigação.
10- Deixe tudo para amanhã. Adie tudo o máximo que puder. Seja um procrastinador nato.
Viu só? Logicamente esta é uma brincadeira e um alerta. Perceba ao seu redor pessoas que adotam alguns destes comportamentos e veja em que condições elas se encontram. E se você estiver pensando: ‘Conheço alguns que fazem muitas destas coisas e obtém relativo sucesso’. Tenha certeza de que é algo fugaz, efêmero. Não se pode enganar as pessoas por muito tempo. E talvez o preço a ser pago por isso seja muito mais caro no futuro. 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Interstícios e Flores


Não sei se isto é claro para todos, mas a vida é feita de ciclos. Alguns muito bons, auspiciosos, prósperos e outros nem tanto. Ainda assim conseguimos ou deveríamos tirar proveito de cada um deles. Os tais ciclos perduram por certo período (muitos deles por aproximadamente sete anos, pode reparar) e podem abranger as mais diversas áreas da nossa vida. Pessoal, afetiva, financeira, profissional, social. Parece que é o tempo aproximado para que ganhemos maturidade suficiente, seja pelo amor ou pela dor, para seguirmos adiante e entrarmos de vez na nova fase que se apresentará.
Quando falo em ciclos, falo desde o início, quando as coisas ainda são idéias, sonhos, aspirações, objetivos, passando pela fase onde já há algum movimento no sentido de colocar tais coisas em prática, chegando ao processo de desenvolvimento, de sedimentação e concretização e por fim de saturação, culminado ora com um desfecho, ora com a opção de continuidade. 
Mesmo quando não há o desfecho e sim a continuidade, há uma reCICLAGEM, daí a origem da palavra. É quando damos uma ‘repaginada’ para que aquele balão consiga voar até completar sua jornada. Se o desfecho, a cisão, a ruptura ocorre é porque estamos buscando novos sonhos, novos horizontes, que podem estar baseados em pilares construídos no ciclo anterior, mas que certamente serão maiores e mais amplos, pois trazemos conosco o aprendizado do que se passou. Em tese, temos mais discernimento e novo fôlego, novo ânimo para conseguirmos o que almejamos. Basta então seguir em frente, não é? Nem sempre.
Há uma fase de transição que entremeia um ciclo e outro. Este interstício é um período bastante complicado. É onde nossa autocrítica, nossa autocobrança, coisas das quais nos arrependemos de termos ou não termos feito afloram, quando achamos que poderíamos ter feito diferente, ter sido mais ‘assim ou assado’, achando que deveríamos ter encerrado antes e até mesmo nos perguntando como agüentamos tanto tempo e como não víamos algumas coisas que hoje são tão nítidas.
Este período muitas vezes parece nebuloso e demasiadamente demorado. Semelhante quando a primavera está ansiosa em chegar, mas o frio, a escuridão e as brumas do inverno insistem em permanecer pairando, tornando esta passagem dolorosa e aparentemente deixando aquele cenário repleto de sol e flores que no fundo sabemos que vamos encontrar parecer mais distante do que realmente está.
Este sentimento que ocorre nestas fases é necessário e salutar. É quando paramos para rever e repensar em algumas coisas. Quando reavaliamos nossos próximos passos. Ás vezes nos sentimos em dúvida se devemos prosseguir, se é aquilo mesmo que devemos fazer, mas tudo isto faz parte do crescimento e do desenvolvimento. 
Que bom que temos esta chance. Que bom que existem PESSOAS DO BEM para fazer esta travessia ao nosso lado. Quando a névoa e a escuridão se dissipam, as flores, mesmo aquelas que se sentiam sem vida, tornam-se novamente lindas e belas e voltam a irradiar seu brilho. Muito mais fortes e cheias de vida do que antes.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A culpa é sua?


Hoje optei por abordar um tema espinhoso, mas que é recorrente e faz parte da vida de todo ser humano. E talvez você me pergunte: ‘Todo ser humano? Você não está generalizando, José Carlos?’- Sim, estou. Todos nós em algum momento já sentimos isso. Digo mais: Muitos de nós fomos criados com base neste sentimento ardil. Culpa. 
Então, para iniciarmos a prosa, lá vai a definição do dicionário: ‘É o sentimento de sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável, baseado na frustração causada pela imagem criada daquilo que achamos que deveríamos ter sido.’ Entendeu? Se não entendeu, repare apenas nas quatro palavras que grifei. Tá bom ou quer mais? Sofrimento, reavaliação, reprovação e frustração. Some-se a estes sentimentos outros que estão correlacionados como autocrítica, repressão, mágoa e perceba o estrago que isto causa.
Poucos dão a devida atenção a este sentimento, mas ouso dizer que é um dos que mais atrapalham nossa vida. E digo mais: É um dos mais difíceis de lidar, de ser trabalhado internamente. Os motivos são simples: Primeiro a facilidade com que as pessoas têm em nos repreender, desde sempre, quando algo não sai exatamente como deveria. Pais, professores, amigos, familiares. Nosso senso de perfeccionismo e autocrítica então vem e nos coloca ainda mais para baixo. 
O segundo é a questão cultural mesmo. A cultura ocidental predominantemente e uma boa parte das culturas orientais se baseiam na culpa. As religiões instituídas multiplicam esta sensação exponencialmente. Pecado, castigo, punição, dívida. Já nascemos do pecado e carregamos isto conosco às vezes por toda a vida. Exagero? Creio que não. Ainda mais quando levamos em consideração que é algo que acontece há séculos, que herdamos de nossos antepassados, que está impregnado em nossas células, que paira no ar.
 As culpas que sentimos o tempo todo, a sensação de que temos de nos redimir mesmo muitas vezes sem saber de quê são apenas resquícios de uma culpa atroz e gigantesca que recai sobre nossos ombros e que por nossa pequenez frente a um Universo tão grandioso jamais teremos condições de lidar. E cá entre nós, nem temos de lidar.
Com base nisto, a sociedade se baseia em uma infinidade de padrões, que variam de um lugar para outro, mas que invariavelmente temos de nos adequar, ainda que em grande parte das vezes não sejamos preparados para isto pela família, pelos educadores e pela falta de exemplos a quem podemos nos espelhar. Nós seres humanos somos uma obra inacabada e obviamente somos responsáveis por nossos atos e suas conseqüências. Isto por si só já traz uma responsabilidade suficientemente grande. 
Por este motivo, não aceite gratuitamente o sentimento de culpa que alguns insistem em nos colocar nos ombros. Cada um é responsável pelo seu destino e ninguém é obrigado a carregar o fardo alheio. Você pode até ajudar, mas deve ser uma opção sua. É a mesma prerrogativa que tem em dizer não e seguir sua vida adiante. De hoje em diante fique atento em quem quer por a culpa pelo próprio fracasso nas suas costas. E definitivamente, não aceite. Mas, sem sentir-se culpado por isto, ok?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um dia a mais ou a menos?


Primeiramente, bom dia. Não sei quando, onde ou em que circunstâncias você está lendo este texto. Não sei também se ao final você irá gostar ou não dele. Obviamente é muito provável que também não o conheça pessoalmente. Mesmo com toda esta falta de informações a seu respeito sei algo sobre você que é inexorável: Se você está sendo agraciado com o dia de hoje é porque ainda tem algo a fazer.
Pode parecer piegas em um primeiro momento, mas pare e pense: É ou não é verdade? Talvez você ainda não saiba muito bem o que é, menos ainda como vai chegar até lá, mas que você tem algo a fazer, ah isso tem.
Aliás, talvez sejam estas algumas das maiores angústias do ser humano. Não saber ao certo a que veio e muito menos quanto tempo resta para descobrir e efetivamente fazer o que deve ser feito. Um dia a mais que vivemos é um dia a menos que temos para viver. Com base neste raciocínio, pare e pense. Não seria sem sentido a vida se não houvesse um propósito maior?
Tá, tudo bem, concordo que seja bacana em muitos momentos viver. Quando estamos com quem gostamos ou fazendo as coisas que gostamos, passeando, , dando gostosas gargalhadas, ou seja, lá o que for. Contudo, há o outro lado da moeda. Dificuldades, lágrimas, sofrimento, incerteza. Faz parte. Não haveria aprendizado se não fosse assim.
Mas, sendo bem objetivo: Você sabe o porquê Dele, Deus, ter permitido a você mais um dia? Sabe qual sua missão aqui na Terra?  Pois é: Esta é a pergunta que provavelmente mais de 80% das pessoas não sabe responder. E dos outros 20% pelo menos metade apenas acha que sabe, pois arrumou um modo mais fácil de fugir deste questionamento. Simplesmente aceitou o destino que lhes foi imposto e acha que é assim mesmo, não há nada a fazer para mudar tal sorte.
Isto é perfeitamente compreensível. É muito mais cômodo atribuir nossos insucessos a fatores externos, a outras pessoas ou a um Deus que supostamente está querendo nos fazer passar por ‘provações’. É mais fácil reclamar da vida e achar que a recompensa virá quando ‘passarmos desta para uma melhor’. 
Buscar o que se deseja, ir a fundo para se entender o que realmente viemos fazer nos traz um custo. Só o fato de tentar ser diferente da maioria já traz desconforto. Vivemos buscando caminhos, mas caminhos são trilhas que nos levam a outros caminhos. Este ciclo se repete insistentemente e a jornada só termina quando estamos realmente alinhados ao que realmente viemos fazer neste mundo.
Há também aqueles que no fundo sabem o que tem de ser feito, mas não acreditam em sua intuição, em seu potencial ou acham penoso demais o caminho para alcançar seus objetivos. A pergunta que cabe nestas situações é: Até onde você está disposto a ir para alcançar seus sonhos?  Ressalto que não estou falando apenas de conquistas materiais, mas de algo que transcende isto. Existe algo que fez com que Ele lhe trouxesse a este mundo. Cabe a você desvendar este enigma e ser digno da missão que lhe foi confiada. E ao final de cada dia se perguntar: Este foi um dia a mais que usei da melhor forma possível ou um dia a menos que tenho para descobrir o que quero?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Paralelos

Olá! Já comentei algumas vezes neste espaço sobre toda a mudança de trajetória profissional que ocorreu na minha vida há alguns anos que fez com que eu abdicasse da Odontologia, carreira que gostava e respeitava muito e enveredasse para o segmento de treinamentos e desenvolvimento humano com ênfase na área comportamental.
Nestes últimos dias estive fazendo paralelos entre os desafios de exercer as duas profissões em âmbitos diferentes. A Odontologia requer muito conhecimento técnico, muita base conceitual, rapidez de raciocínio e destreza manual impressionantes. Além é claro de uma responsabilidade enorme em lidar com a saúde do ser humano. Não muito diferente, minha atual área de atuação requer alguns destes atributos atrelados a uma responsabilidade tão grande quanto, visto que ao falarmos sobre comportamento humano, o compromisso em vivenciarmos em nosso cotidiano o que dizemos é colossal. Então percebi que há dois fatores ainda mais fortes em comum entre ambas. O altíssimo nível de ‘auto exigência’ e de exigência dos outros para conosco.
Nada mais lógico. Se falo sobre comportamentos tenho de ter domínio sobre tudo isto e ser exemplo daquilo que digo. É fato. Só há uma variável em relação a isto. Sou humano. E erro. Muito. Sempre busquei deixar claro isto. Quando somadas a um compromisso pessoal de vivenciar a coerência entre o que faço e o que falo, estas exigências e olhares surpresos de pessoas próximas que não imaginam que possamos passar por problemas corriqueiros formam um turbilhão de pensamentos que passeiam livremente pela minha ‘cabeça animal’.
 Costumo dizer que sou um eterno aprendiz. E foi justamente este pensamento que somado a um equilíbrio que se mostrou bem maior do que imaginava ter fizeram com que as coisas que ultimamente tem ocorrido se amenizassem internamente. Além do mais, fique claro que trabalhar e estudar comportamento humano não me dá nenhuma prerrogativa extra ou ‘super poderes’. Traz mais responsabilidade, isso sim. Percebi que me cobrar em demasia neste sentido seria mais ou menos a mesma coisa de achar que por ser dentista jamais teria problemas de saúde bucal ou que médicos jamais ficam doentes e advogados não podem ter problemas jurídicos.
Sou um ser humano em formação. Que busca melhoria e evolução. E só. Procuro seguir princípios morais e éticos e manter minha retidão de conduta. Entretanto retidão não é a mesma coisa que linearidade. Há pessoas totalmente lineares em seus comportamentos. O problema é adotam uma linha não muito recomendável. 
Hoje acredito em coisas que não acreditava ontem. Talvez amanhã acredite em outras, diferentes das de hoje. Aliás, me dou o direito de ser contraditório. É assim que aprendo e amadureço. Não vejo isto como instabilidade e sim como uma possibilidade estar em constante desenvolvimento e de enriquecer minha jornada, que compartilho com tantos companheiros. O que não muda é a linha de conduta. Esta está acima dos comportamentos.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Não sei se habitualmente você compartilha comigo estas simples linhas que escrevo semanalmente, mas talvez tenha reparado que frequentemente incluo perguntas no título ou no decorrer do texto.
As perguntas têm duas finalidades: A primeira é gerar possíveis reflexões acerca do tema e a segunda é suscitar respostas para questões que tem a ver com minha vida, para que eu possa obter opiniões diferentes e levá-las em consideração antes de fechar (ainda que provisoriamente) um determinado ponto de vista dentro de minha ‘cabeça animal’.
Pois bem, a pergunta título da coluna foge um pouco do significado que pode ter à primeira vista. Geralmente quando lemos algo do tipo, isto suscita em nós a projeção de onde queremos chegar ou de como faremos para nos destacar e obter o famigerado sucesso em uma sociedade tão competitiva e dinâmica.
Contudo, neste caso especificamente, a pergunta tem o objetivo de inverter este padrão de entendimento.  A resposta tem a ver com: Qual é o limite entre a ‘ação’ e a ‘não ação’. Quando devo agir? Quando devo esperar? E se for o momento de agir? Como deve ser esta ação?  Até onde posso ir para alcançar este sucesso, reconhecimento ou o que quer que seja? Alguns limites pessoais, gerais, sociais e éticos devem ser respeitados? Ou vale tudo?
Se a resposta é sim, vale tudo, ok. Adota-se a política do ‘salve-se quem puder’ e que se danem tudo e todos. Se a resposta for NÃO, não vale tudo e existem certas demarcações que ainda que subjetivas devem ser respeitadas, quais são estas demarcações? Repito. Até onde podemos ir?
Complicado, não é? Ainda mais quando estes limites não são regidos apenas por leis, mas sim por percepções, linha de conduta pessoal e bom senso. Quando somamos a isto a uma sociedade carente de bases morais e éticas sólidas e que produz relações humanas cada vez mais impessoais, egoístas e focadas na obtenção do resultado ‘custe o que custar’ o barril de pólvora fica prestes a explodir.
Isto faz com que a busca por reconhecimento, valorização, pelo sucesso acabe distorcendo a capacidade de distinguir entre o certo e o errado. Nestes momentos, a tal ‘lei da selva’ invade o pretensamente chamado ‘mundo civilizado’ e faz com que os instintos mais viscerais dos seres humanos, aqueles que herdamos de nossos ancestrais e foram somados a uma preocupante capacidade de raciocinar friamente, aflorem e nos façam perder facilmente este sutil referencial. O referencial de até onde podemos ir.
Isto é muito perigoso. Podemos cair na armadilha de usar estratégias não muito recomendáveis e transpor esta barreira. Obviamente a discussão é infindável, já que como disse anteriormente estes limites são pessoais e podem ser alterados de acordo com a circunstância. Como diz o ditado: ‘Na prática a teoria é outra’. Talvez seja por isso que a máxima de Maquiavel de que ‘Os fins justificam os meios’ ainda seja tão praticada. O desafio é manter a linha de conduta independente da situação. Ter para si muito claramente quais são estes limites pessoais e não variar estes padrões de acordo com interesses e fatos pontuais

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Duas histórias

Gosto bastante de histórias. Acho interessante a maneira como conseguem passar ensinamentos de maneira lúdica e ao mesmo tempo consistente e definitiva. Vale dizer que os grandes sábios da humanidade utilizavam este artifício para compartilhar com as pessoas lições que servem como inspiração até os dias de hoje. Jesus, Buda, Maomé, entre outros.  
Muitas vezes é complicado abordar determinados assuntos ou simplesmente o teor da mensagem que queremos passar acaba se dissipando e não chega genuíno ao nosso interlocutor. Quando passamos este conhecimento através de uma história, a tendência é que fique bem mais sedimentado para aqueles que nos ouvem. Por este motivo nesta semana compartilharei duas histórias que recebi e contemplam simultaneamente temas bem interessantes para o cotidiano atual. Atributos como criatividade, estratégia, inovação, congruência e perspicácia. Faz-nos também atentar para a importância de repensar sobre as pequenas coisas que muitas vezes nós mesmos colocamos como obstáculos em nossas vidas e que ter problemas é inevitável, ser derrotado por eles é opcional. 
‘Um senhor vivia sozinho em Minnesota. Ele queria virar a terra de seu jardim para plantar flores, mas era um trabalho muito pesado. Seu único filho, que o ajudava nesta tarefa, estava na prisão. O homem então escreveu a seguinte carta ao filho: 
'Querido Filho, estou triste, pois não vou poder plantar meu jardim este ano. Detesto não poder fazê-lo, porque sua mãe sempre adorou flores e esta é a época certa para o plantio. Mas eu estou velho demais para cavar a terra. Se você estivesse aqui, eu não teria esse problema, mas sei que você não pode me ajudar, pois estás na prisão. 
Com amor, Seu Pai. ' 
Pouco depois, o pai recebeu o seguinte telegrama: 
'PELO AMOR DE DEUS, Pai, não escave o jardim! Foi lá que eu escondi os corpos' 
Como as correspondências eram monitoradas na prisão, às quatro da manhã do dia seguinte, uma dúzia de agentes do FBI e policiais apareceram e cavaram o jardim inteiro, sem encontrar qualquer corpo. Confuso, o velho escreveu uma carta para o filho contando o que acontecera. 
Esta foi a resposta: 
'Pode plantar seu jardim agora, amado Pai. Isso foi o máximo que eu pude fazer no momento... ' 
A segunda é uma história atribuída ao famoso líder pacifista Mahatma Gandhi, que mostra perfeitamente o que é congruência. Conta que certo dia foi procurado por uma mulher e seu pequeno filho.
- Sr. Gandhi, dizia ela, por favor, peça a meu filho para parar de comer açúcar.
Gandhi olhou nos olhos do garoto, e em seguida para a mulher e disse:
- Volte daqui quinze dias!
Duas semanas se passaram e a mulher voltou com o menino.
- Sr. Gandhi, quinze dias se passaram, e eu gostaria que o senhor dissesse para esse menino parar de comer açúcar.
Gandhi olhou para o garoto e disse; – Pare de comer açúcar!
A mulher então disse a ele – É só isso? Por que não disse na primeira vez em que viemos aqui?
Gandhi calmamente respondeu; – É porque há quinze dias eu ainda comia açúcar!
Você só pode oferecer aos outros o que você tem!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Pessoas de luz

Acompanhei há alguns dias um interessante debate: As pessoas são ou não são insubstituíveis? Existe uma máxima recorrente em empresas, equipes e relacionamentos que diz que ninguém é insubstituível. Há controvérsias. Pode até ser considerado quando este premissa se aplica a cargos e funções. Ainda assim podemos passar um bom tempo discutindo sobre a veracidade ou não desta sentença.
Particularmente acho que todos somos insubstituíveis. Em alguma instância, na vida de alguém ou no coração de alguém. Este conceito se evidenciou demais para mim nestas últimas semanas.
É inegável que tocamos a vida das pessoas que conhecemos e convivemos e somos tocados por elas. Alguns, no entanto, ultrapassam estes limites. Não apenas tocam a nossa vida, mas sim iluminam oportunamente nossos dias. E mais: Algumas pessoas brilham muito e são responsáveis por iluminar a vida de muitas, muitas pessoas. São literalmente ‘pessoas de luz’.
Às vezes parece que estas pessoas adivinham. Não parece, não. Elas de algum modo adivinham mesmo. Surgem nos momentos onde as brumas aparecem e tornam enevoado o caminho. Manifestam-se por meio de sorrisos, palavras, gestos, mensagens, recados, emails, torpedos, telefonemas e todas estas possibilidades que o ‘mundo moderno’ proporciona.
Chegam colocando sons e tons em nossa vida. Ligam justamente naquele momento em que tudo parece nebuloso. Dizem coisas simples que no momento exato tornam-se essenciais. Sabe quando tudo parece complicado e difícil? Pois é aí que estas ‘pessoas de luz’ surgem. Já reparou? É quase que um indicativo, uma marca que as ‘pessoas de luz’ trazem consigo. 
Certamente já aconteceu contigo e ultimamente tem acontecido comigo. A palavra certa na hora certa. A simples e genuína manifestação, por vezes silenciosa, expressa por um olhar que diz: ‘Tamo junto’
 E isso é muito bom. Faz com que reforcemos nossos conceitos sobre a importância ou não de certas coisas. Faz com que reavaliemos nossos atos e mantenhamo-nos firmes e inabaláveis rumo ao propósito que escolhemos para nossas vidas. Há uma frase que diz: ‘ As adversidades despertam em nós capacidades que em circunstâncias favoráveis teriam ficado adormecidas’. Verdade pura. E isto acontece para que tenhamos sempre os pés no chão e a chance de nos desenvolver. O que me remete a outra frase que costumo citar: ‘Quando achamos que sabemos todas as respostas da vida, a vida vem e muda todas as perguntas’. Se percebermos bem, são oportunidades de melhoria interna. E por isso devemos agradecer.
Neste momento, aproveito para agradecer aos meus familiares que sempre estiveram comigo, à minha esposa, aos AMIGOS (aqueles com letra maiúscula mesmo) e àquelas pessoas que chamei anteriormente de ‘pessoas de luz’. Obrigado. Talvez sem que saibam vocês tem iluminado os meus dias.  Obrigado Pai Celestial por mais esta fase em minha vida. Nada mais oportuno do que ter a chance e a responsabilidade de aplicar com retidão em nossas vidas o que tentamos passar às pessoas.