sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vida de cão

Por mais que estude o comportamento humano e trabalhe com isso, algumas coisas realmente ainda me deixam perplexo. Semana passada, minha esposa socorreu um animal de estimação, um pobre cãozinho que a priori havia sido atropelado e agonizava a beira da pista. Levou-o ao veterinário, onde foi examinado, medicado e onde foi diagnosticada a fratura de quatro costelas do animalzinho. Mas, o pior foi a informação do profissional de que pelas características dos ferimentos, não havia sido atropelamento, mas sim provavelmente uma agressão com pontapés e pauladas que havia provocado as fraturas. Simplesmente revoltante.
Revoltante, mas não surpreendente. Há poucas semanas li uma notícia de que uma mãe atirou seu filho recém nascido em um córrego. Comportamentos desviantes, que nos remetem às eras de barbárie são cada vez mais comuns. 
Muitos argumentam que se não temos condições de tratar bem de nossas crianças e idosos, como vamos nos preocupar com animais? Pois digo o seguinte: primeiro, temos condições sim de tratar melhor do nosso povo. E dos animais também. A questão é que faltam programas direcionados e boa vontade e sobram corrupção, descaso e mau uso do dinheiro público. Além do mais, cachorros e gatos não votam. Se votassem já teriam criado o ‘Bolsa Ração’. Por fim, o assunto não sensibiliza a opinião pública a ponto de significar benefício eleitoral. 
Segundo: quando maltratamos animais, estamos desrespeitando algo chamado VIDA. E quando o conceito de vida é banalizado, alguma coisa precisa ser revista. Gandhi dizia que podemos julgar a grandeza de uma nação pela forma que tratam seus animais. Os animais até conseguem lidar com a indiferença, mas suportar crueldade já é demais.
Talvez você que está lendo não concorde comigo. Respeito sua posição. Contudo, sinto-me privilegiado por ter recebido de meus pais e avós a herança do carinho e respeito pelos animais. Posso dizer que por conversas com profissionais da área veterinária há diversos programas simples que poderiam ser implementados e que melhorariam a qualidade de vida dos animais e por conseqüência dos seres humanos. E o que uma coisa tem a ver com outra?
Pesquisa da USP de 2010 relata que o convívio com animais eleva as defesas do nosso sistema imunológico. Há um programa em Londres dirigido a idosos para adoção de cães. Os índices de depressão diminuíram em mais de 40%. Motivo? Os cães eram companhia e o fato de ter de passear com os cães fazia indiretamente estas pessoas praticar exercícios físicos, sair de casa e se sociabilizar com outros donos de cães na rua.
Arthur Schopenhauer dizia que a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter e quem é cruel com animais não pode ser um bom homem. Mas talvez você esteja querendo saber do cãozinho. Chama-se Ludovico, está em tratamento e será adotado pelos meus pais. Se você acha os argumentos, estudos e sentimentos em relação aos animais exagerados, de coração e com muito respeito, lamento. Talvez nunca tenha tido a oportunidade de olhar nos olhos de um cão e sentir o que é fidelidade e amor incondicional.

2 comentários:

  1. Zé, sincronicidade é pouco para falar da sua coluna de hoje. Estou há dois dias via facebook, telefone, amigos e tudo que conheço para cuidar de uma cãozinha que apareceu aqui na porta de casa. Resumindo, levamos no pet e veterinário e provavelmente será adotada por uma prima do Márcio. Choramos, Márcio e eu, em saber que no Centro de Zoonoses eles, simplesmente, sacrificam! É demais... Fiquei feliz em saber que seus pais adotarão o Ludovico!! Bjs

    ResponderExcluir