quinta-feira, 7 de abril de 2011

O goleiro e a empresa

No domingo de 27 de março último, por mais alheios que fôssemos em relação ao futebol foi quase impossível ficar indiferente ao 100º gol marcado pelo goleiro do São Paulo, Rogério Ceni. Particularmente, como bom são paulino que sou e fã do maior goleiro artilheiro do mundo, acompanhei de perto toda esta trajetória, desde seu primeiro gol em 1997. Talvez não estejamos nos dando conta do tamanho do feito obtido pelo atleta tricolor, mas quando pensamos que muitos atacantes não conseguem atingir esta marca tudo muda de figura.
Contudo, deixando a questão ‘clubística’ de lado, quero aproveitar para traçar alguns paralelos entre o fato e o cotidiano profissional de maneira geral. Sim, porque além dos gols e da marca, há sutilezas que tangem este assunto e que são traços em comum necessários para o sucesso profissional, independente do segmento de atuação.
1º Senso de Oportunidade e capacidade em aceitar desafios: Quando Rogério começou a treinar faltas e cobrá-las nos jogos, a equipe do São Paulo não contava com nenhum exímio batedor. Percebendo esta lacuna, o profissional começou a aperfeiçoar-se para assumir tal papel.
2º Quebra de paradigmas: Não havia no Brasil nenhum goleiro que fizesse isso. Apenas os goleiros Chilavert (Paraguai) e Higuita (Colômbia) executavam tal tarefa, mas eram vistos como folclóricos em suas equipes. Mesmo recém promovido à equipe profissional e com a missão de substituir o goleiro anterior e ídolo Zetti, Rogério quebrou este paradigma.
3º Suporte da Liderança: Para que um potencial individual seja desenvolvido em uma equipe é essencial que exista o suporte do líder. Quando Rogério se propôs a cobrar faltas e pênaltis, Muricy Ramalho técnico da época e que depois ganhou três títulos brasileiros consecutivos com a equipe ‘bancou’ a aposta e deu respaldo ao atleta. Quantos profissionais talentosos não acabam ficando pelo caminho por não ter apoio de seus líderes? 
4º Buscar um diferencial: Por meio do treino de faltas e pênaltis, Rogério passou a destacar-se em relação a outros goleiros que até então não se preocupavam em ter habilidade com a bola nos pés. Desta maneira passou a ter uma visibilidade maior na mídia e a ser considerado um atleta diferente, especial. 
5º Comprometimento e exemplo: Assim como Marcos, goleiro do Palmeiras é exemplo de identificação com o clube. Jogam sempre que podem e às vezes até quando não podem. Literalmente vestem a camisa de seus clubes e são retrato da identificação em uma época onde o que prevalece são os dólares e euros. Rogério sempre é o primeiro a chegar e o último a sair nos treinos da equipe, mesmo sendo consagrado e tendo o maior salário do elenco.
Depois disso tudo, independente do time que você torce, da sua opinião a respeito do atleta e com base no contexto profissional que você vive, quero deixar duas perguntas para reflexão. Primeira: seria importante para uma equipe contar com alguém com estas características? Segunda: Ainda acredita que sucesso pode ser fruto exclusivamente do acaso? Pense nisso. 

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