sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A culpa é sua?


Hoje optei por abordar um tema espinhoso, mas que é recorrente e faz parte da vida de todo ser humano. E talvez você me pergunte: ‘Todo ser humano? Você não está generalizando, José Carlos?’- Sim, estou. Todos nós em algum momento já sentimos isso. Digo mais: Muitos de nós fomos criados com base neste sentimento ardil. Culpa. 
Então, para iniciarmos a prosa, lá vai a definição do dicionário: ‘É o sentimento de sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável, baseado na frustração causada pela imagem criada daquilo que achamos que deveríamos ter sido.’ Entendeu? Se não entendeu, repare apenas nas quatro palavras que grifei. Tá bom ou quer mais? Sofrimento, reavaliação, reprovação e frustração. Some-se a estes sentimentos outros que estão correlacionados como autocrítica, repressão, mágoa e perceba o estrago que isto causa.
Poucos dão a devida atenção a este sentimento, mas ouso dizer que é um dos que mais atrapalham nossa vida. E digo mais: É um dos mais difíceis de lidar, de ser trabalhado internamente. Os motivos são simples: Primeiro a facilidade com que as pessoas têm em nos repreender, desde sempre, quando algo não sai exatamente como deveria. Pais, professores, amigos, familiares. Nosso senso de perfeccionismo e autocrítica então vem e nos coloca ainda mais para baixo. 
O segundo é a questão cultural mesmo. A cultura ocidental predominantemente e uma boa parte das culturas orientais se baseiam na culpa. As religiões instituídas multiplicam esta sensação exponencialmente. Pecado, castigo, punição, dívida. Já nascemos do pecado e carregamos isto conosco às vezes por toda a vida. Exagero? Creio que não. Ainda mais quando levamos em consideração que é algo que acontece há séculos, que herdamos de nossos antepassados, que está impregnado em nossas células, que paira no ar.
 As culpas que sentimos o tempo todo, a sensação de que temos de nos redimir mesmo muitas vezes sem saber de quê são apenas resquícios de uma culpa atroz e gigantesca que recai sobre nossos ombros e que por nossa pequenez frente a um Universo tão grandioso jamais teremos condições de lidar. E cá entre nós, nem temos de lidar.
Com base nisto, a sociedade se baseia em uma infinidade de padrões, que variam de um lugar para outro, mas que invariavelmente temos de nos adequar, ainda que em grande parte das vezes não sejamos preparados para isto pela família, pelos educadores e pela falta de exemplos a quem podemos nos espelhar. Nós seres humanos somos uma obra inacabada e obviamente somos responsáveis por nossos atos e suas conseqüências. Isto por si só já traz uma responsabilidade suficientemente grande. 
Por este motivo, não aceite gratuitamente o sentimento de culpa que alguns insistem em nos colocar nos ombros. Cada um é responsável pelo seu destino e ninguém é obrigado a carregar o fardo alheio. Você pode até ajudar, mas deve ser uma opção sua. É a mesma prerrogativa que tem em dizer não e seguir sua vida adiante. De hoje em diante fique atento em quem quer por a culpa pelo próprio fracasso nas suas costas. E definitivamente, não aceite. Mas, sem sentir-se culpado por isto, ok?

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