quinta-feira, 19 de maio de 2011

Resiliência

De tempos em tempos alguns termos são tomados por empréstimo e utilizados em segmentos diferentes daqueles de onde se originaram. Um termo em especial, ocupou os últimos anos e foi aplicado insistentemente pela psicologia e pela área de recursos humanos e gestão de pessoas. No contexto corporativo então, foi e ainda é utilizado exaustivamente.
O termo resiliência que na física, de onde foi emprestado, é conceituado como a propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Este conceito foi redefinindo e incorporado no ambiente empresarial sendo uma habilidade pessoal, a capacidade do indivíduo em responder às situações adversas, problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão que estas situações acarretam sem se desestabilizar emocionalmente ou recuperando rapidamente seu equilíbrio. De modo bem coloquial, seria o limiar individual em ‘aguentar o tranco, sem espanar’ e ainda responder positivamente às demandas existentes, característica que é considerada um grande diferencial competitivo.
Neste caso especificamente foi positiva a incorporação deste termo, pois uma série de estudos foi realizado para esmiuçar este conceito e a sua real abrangência no cotidiano das empresas. Ainda assim, talvez uma parte muito relevante tenha passado despercebida. Continuando no campo da física, o limiar de resiliência ainda está ligado aos conceitos relativos à plasticidade e elasticidade e inclui o percentual da energia devolvida após a deformação. Isso mesmo. Além de não ceder às pressões, resiliência diz respeito ao quanto podemos gerar de contrapartida usando exatamente a energia que teoricamente seria a responsável por nosso desgaste. Parou para refletir sobre isto?
Parece incrível, mas resumidamente esta tal resiliência também deve ser considerada justamente a capacidade de tirar dos desafios, das situações desfavoráveis o combustível essencial para seguirmos adiante! 
E é aí que reside a grande questão. Se formos fazer uma avaliação criteriosa, grandes líderes, grandes campeões, grandes ícones da humanidade utilizaram exatamente esta força, que denominamos hoje resiliência, para lutar com mais fervor e conquistar seus objetivos. Quer exemplos? Nelson Mandela, Ayrton Senna, Dalai Lama, Martin Luther King, só para citar alguns. Contudo, para isto é necessária muita competência. Logicamente não falo de competência técnica e sim de competência comportamental. Infelizmente, o que é uma ‘menina dos olhos’ dos gestores e deveria ser um exemplo nos líderes torna-se cada vez mais uma utopia. Fruto natural de líderes que fazem questão de manter a pose, quando na verdade são totalmente despreparados para lidar não apenas com a responsabilidade de seus cargos, mas principalmente demonstram nitidamente a falta de habilidade em lidar com pessoas. 

Um comentário:

  1. Como sempre, ler a coluna do Zé Carlos é dar um passo adiante, isso se formos ao menos sinceros o suficiente para permitir o penetrar da mensagem em pontos nevrálgicos de nossa própria existência

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