quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O melhor e o pior

Desta vez não teve jeito. Problemas semelhantes ao que aconteceu na região serrana do Rio de Janeiro já acontecem há tempos no Brasil. Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e mais recentemente Santa Catarina já sucumbiram às chuvas. Nem estes episódios recorrentes serviram de alerta e de forma avassaladora fomos expostos a esta tragédia sem precedentes. Segundo a divulgação da mídia a maior tragédia da história do país. Não sei se a informação é verídica, mas ao menos que me lembre, jamais vi nada igual. E o que normalmente vemos pelo noticiário, consternados quando outros países são atingidos por furacões, terremotos, tsunamis e outros desastres naturais, aconteceu bem aqui, do nosso lado.

As cenas impressionantes chocam cada vez que são vistas. Mais de setecentos mortos, quando as previsões apontam para cerca de mais de mil vítimas fatais. Chocante, impressionante. Pela quantidade de mortos e de famílias totalmente destruídas em sua história, dignidade e futuro. Fica clara a fragilidade de um país que insiste em se achar desenvolvido, mas que escorrega em questões rudimentares, como a incapacidade de coordenar um plano emergencial para ajudar seu povo. 

Logicamente não adianta nada apenas procurar os culpados, mas é inegável que mais uma vez as autoridades foram negligentes. Um plano para emergências e desastres naturais foi prometido pelo governo federal em 2005 e apenas agora, vai começar a sair do papel. Somado ao descaso sobre as ocupações irregulares de áreas de risco e à falta de bom senso (ou opção) da população que insiste em construir nestes locais e finalmente a devastação ambiental formam o cenário propício para tais ocorrências. 

Contudo, chamo a atenção para outro prisma desta tragédia. São exatamente nas situações limite, onde o ser humano e sua sobrevivência são colocados à prova é que afloram o pior e o melhor que existe dentro de cada pessoa humana.  Nestes momentos que aparecem a solidariedade, o espírito colaborativo e o senso humanitário. A abnegação dos bombeiros (sempre eles), da defesa civil, das forças armadas, policiais e as centenas de voluntários. Inclusive alguns que perderam toda a família, mas que preferiram drenar sua dor na ajuda a seus semelhantes. Nestas atitudes fica evidente a grandeza que pode existir dentro de cada um de nós.

Mas, toda moeda tem dois lados e onde existe tanta bondade, também vem à tona o que há de mais sórdido, cruel e vil. Pessoas que desviam e roubam donativos, comerciantes que aproveitam do desespero para cobrar preços abusivos e os políticos (sempre eles) que usam o contexto para discursos cheios de demagogia e autopromoção. Vale uma ressalva. Da parte da nova presidente, louvável sua postura discreta. Pelo menos não precisamos no meio de tanta tristeza agüentar as bravatas e fanfarronices a que ficamos acostumados.
Felizmente para cada mau caráter existem 100 homens dignos. Que a dor destas famílias sirva como ponto de partida para atitudes contundentes e assertivas. Que o Pai Celestial ilumine, conforte e dê forças a estas pessoas. Com meu respeito e pesar.

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