quinta-feira, 26 de abril de 2012

Re-sentimento


llTenho consciência que corri um risco danado. Se por ventura alguém passar os olhos apenas pelo título da coluna talvez pense: ‘Que cara analfabeto, olha só como escreveu a palavra ressentimento... Como pode uma pessoa desta escrever no jornal???’
Faz parte. Logicamente, sei que a grafia correta de ressentimento é esta, com dois “ésses”.  A separação no título da coluna foi apenas para que percebamos o real significado desta palavra. Às vezes não damos a devida atenção ao que falamos, mas em muitas situações as palavras dizem muito mais do que imaginamos.
Pelo dicionário, ressentimento significa: Ressentir. Sentir-se mal com relação a alguém repetidamente. Ter queixa contra alguém. Alimentar raiva, ódio, inveja contra outro. Não querer falar, procurar evitar alguém, por alguma coisa acontecida no passado.
Quantas vezes você já não ouviu alguém falar que se sente ressentida com algo ou alguém?
Pois é, esta pessoa resumidamente está “remoendo”, repetindo algo, sofrendo novamente por um fato, uma situação, nutrindo um sentimento (normalmente ruim) sobre algo que aconteceu no passado. A pergunta é: Quem é o maior prejudicado na história, quem fica se ressentindo ou a outra pessoa, “vítima” do ressentimento?
Não preciso nem responder, não é? A questão é que um número considerável de pessoas gasta uma quantidade enorme de energia para re-sentir algo desagradável. Tem alguma explicação? Pior é que sim.
Nossa mente inconsciente não consegue diferenciar passado, presente e futuro. Tudo acontece no aqui e no agora. É por este motivo que ao ouvirmos uma música, sentirmos um perfume, trazemos lembranças de situações de nossa vida e na grande maioria das vezes trazemos também o sentimento referente àquela situação. Ou vai me dizer que nunca ouviu uma canção e se lembrou de alguém ou algum momento muito especial. Talvez tenha dado até aquele suspiro... 
No entanto, se passamos o tempo trazendo a tona lembranças que nos fazem mal, traremos junto os sentimentos que nos perturbam e acabaremos sofrendo “no agora” algo que já aconteceu (e nos fez sofrer) há muito tempo.
Detalhe: Este re-sentimento é bem mais comum do que deveria ser. E digo mais: Há pessoas que passam uma vida toda se ressentindo sobre alguma decisão que tomou, ou que deveria ter tomado.
Que fique claro uma coisa: Isto é uma escolha sua. Você pode optar entre ficar sofrendo novamente por algo que talvez já tenha ocorrido há anos, décadas atrás ou tocar sua vida adiante, buscando o aprendizado que a situação lhe trouxe e se for o caso, perdoar a todos os envolvidos. E então, o que vai escolher?

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 19 de abril de 2012

FINITUDE

llTalvez esta seja uma das poucas verdades absolutas da humanidade. Pensando bem, talvez seja a única. Somos seres finitos. Não há escapatória. Nascemos e um dia vamos morrer. E ponto final.
Obviamente não vou nem me arriscar a entrar neste terreno escorregadio que diz respeito à questão religiosa, espiritual, metafísica ou como prefira chamá-las. Independente do que você acredita, eu respeito incondicionalmente sua opinião.
Se a alma é imortal, se há vida depois da morte, se passamos por estágios, planos, se somos alçados à condição de espíritos superiores ou se realmente há uma última e definitiva morada, não importa. Logicamente tenho minha opinião a este respeito. Mas é apenas uma opinião, dentre outras tantas diferentes da minha. E repito, respeito as demais. E acho estas diferenças de perspectiva salutares.
No entanto é indiscutível que desta vida, deste corpo físico mais cedo ou mais tarde nos despediremos. Ou seja, somos seres condenados à finitude.
Aí é que reside o problema. Parece que não nos damos conta disso. Vivemos a vida como se nosso tempo na Terra fosse indeterminado. Acabamos nos preparando, nos planejando para fazer coisas no futuro. 
Jamais minimizaria a importância de um bom planejamento. É fundamental para que alcancemos nossos objetivos. Porém, viver com base em um planejamento é totalmente diferente de viver em dois opostos. Ou despreocupados com tudo, acomodados, displicentes ou de tal maneira ansiosos com o que acontecerá amanhã que nem percebemos o hoje. De um jeito ou de outro estamos o tempo todo sem dar muita importância para o momento presente.
Se pensarmos friamente (e me incluo nisso em algumas situações) vivemos a vida em um ritmo tão acelerado, tão frenético que nem nos damos conta dos acontecimentos de nossa vida. Já parou para pensar que estamos no final do mês de abril?
Pois é, parece que foi ontem falávamos sobre o ano novo. E praticamente já vivenciamos 30% do ano de 2012.
Vivemos a vida como se não fôssemos seres finitos. Não celebramos nossas conquistas, pois já estamos nos cobrando sobre a próxima meta. Não vemos os filhos crescerem,  não temos tempo de encontrar amigos de que gostamos, não nos damos conta que nossos familiares envelhecem, que nós envelhecemos, que a vida está acontecendo. Perdemos momentos preciosos no trânsito, em filas, em discussões sem sentido, à frente da TV assistindo programas inúteis, nos preocupando com a vida alheia, enquanto a nossa vai se esvaindo por entre nossos dedos. Como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Mas não temos.
Ouvi uma vez que a vida poderia ser comparada a uma festa. Nós chegamos quando a festa já está em andamento. E vamos embora antes da festa acabar. O que está no nosso alcance é fazer deste período que fazemos parte da festa, uma jornada repleta de momentos especiais que façam valer a pena o convite que recebemos do Grande Anfitrião chamado Deus.

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Pedras Brutas

llCheguei a dizer em uma das colunas anteriores que algumas pessoas simplesmente não percebem tudo que se passa ao redor delas. Ouso até dizer que a maioria das pessoas se enquadra nesta categoria. Umas por completa comodidade, falta de iniciativa e pró-atividade e outras por desconhecimento e falta de informação.
Logicamente todos os tipos de aprendizado que obtemos são importantes, porém desta vez refiro-me aos aprendizados pessoais, voltados ao autoconhecimento que requerem alguns requisitos essenciais que transpõem capacidade técnica, conteúdo intelectual e sucesso profissional e financeiro. 
Quer um exemplo do quanto isto é importante? Pessoas que têm destaque em seu ambiente profissional conseguem sucesso financeiro e tecnicamente exercem com maestria suas atividades. E ainda assim não se sentem felizes, plenas e realizadas. Conhece algum caso assim? Na realidade eles existem aos montes, espalhados por aí e em certas situações estão bem próximos a nós.
Esta busca pelo autoconhecimento existe desde a Grécia Antiga, há quase 4000 anos, onde no Templo de Apolo em Delfos estavam gravadas nas paredes as frases: “Conhece-te a ti mesmo” e “Vence-te se quiseres vencer”, atribuídas ao filósofo Sócrates.
A grande verdade é que em nosso caminho pela vida, durante percalços e conquistas estamos, percebendo ou não, buscando desenvolvimento. Somos semelhantes a pedras brutas, repletos de imperfeições e arestas que precisam a todo momento ser desbastadas.
Contudo, para que tenhamos a chance de trilhar este caminho é necessário que tomemos algumas atitudes e principalmente estejamos livres para buscar nosso verdadeiro propósito. É fundamental que estejamos dispostos a romper alguns paradigmas e nos livrar do fanatismo, das superstições, da ignorância e de vícios que fazem com que nosso caminho seja repleto de dissabores e dificuldades.
As arestas devem ser aparadas incansável e constantemente com base em virtudes nobres, princípios firmes e propósitos dignos para que em algum momento esta pedra bruta transforme-se em pedra polida. 
O autoconhecimento requer retidão, postura exemplar e principalmente uma incessante busca pelo equilíbrio nos quesitos que compõem nossa verdadeira essência. Este conceito é tão relevante que vem sendo difundido há milênios pelos mais importantes e iluminados seres humanos que passaram por este planeta. Há trechos que ressaltam esta importância nos livros sagrados das principais religiões do mundo como a hinduísta, judaica, muçulmana e cristã.
O tal “Vence-te se quiseres vencer” refere-se aos desafios diários que enfrentamos para não nos deixar influenciar por tantas situações que colocam à prova o famigerado livre-arbítrio de que tanto se fala e que em tão poucas vezes é exercido com a devida importância e respeito a si mesmo ou aos outros. Certamente o autoconhecimento é o primeiro passo para transformar cada um de nós em pedras polidas, que juntas servirão para edificar uma nova realidade livre, justa e fraterna.

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Oportunidades escondidas

llOntem estava tomando café e na mesa ao lado havia duas amigas batendo papo. Pelo volume nada baixo do diálogo, foi impossível não ouvir o teor da conversa. Uma delas, de modo veemente reclamava aos quatro ventos sobre a vida, os problemas, as dificuldades. Ás vezes chegava a praguejar contra a má sorte, que segundo ela, insistia em acompanhá-la. 
Até aí tudo bem. Todos nós estamos sujeitos a momentos de desabafo. O que me deixou intrigado foi quando no meio desta onda de lamúrias, a jovem, que pela aparência não passava de seus 22, 23 anos reclamou que a ‘vida não lhe dava oportunidades’.  Ao ouvir isto, comecei a refletir sobre aquela afirmação. Pensei: será que a vida não nos dá oportunidades? Ou nós é que não percebemos quando elas aparecem? 
E então? O que você acha? Alguns não recebem as tais oportunidades ou todos nós de alguma forma temos sim estas oportunidades, mas por algum motivo as ignoramos?
É bem possível que estas perguntas gerem respostas distintas e controversas. Particularmente, enxergo esta situação por alguns prismas diferentes. Primeiro: acredito que muitas vezes a questão não é esperar pelas oportunidades e sim buscá-las, criá-las, gerar um ambiente propício para que as boas sincronicidades aconteçam.
Segundo ponto: Em certas situações as chances que são criadas por nós ou são geradas pelas nossas ações não são tão nítidas. Aparecem disfarçadas de problemas, obstáculos, dificuldades. E geralmente as pessoas estão tão focadas em problemas cotidianos, reclamando da vida ou dando palpite na vida dos outros, que não têm a percepção suficiente para detectar estas possibilidades que surgem.
Outro fato relevante a ser considerado é que em muitos momentos as pessoas ‘pedem’ oportunidades, mas não se preparam adequadamente para aproveitá-las. Uma das coisas que falo em treinamentos e que talvez as pessoas não deem a devida importância é isto. Que as pessoas tem aquilo que estão PREPARADAS para ter. Sejam oportunidades ou obstáculos, aparecem na nossa vida somente se estivermos preparados para lidar com eles.
E por último. Talvez na maioria das vezes, consideramos ‘oportunidades’ coisas que nós pedimos para acontecer e só encaramos como tal quando são exatamente da maneira que imaginamos. Acabamos limitando nosso campo de visão, já que em alguns momentos as oportunidades são diferentes da que almejávamos, mas até maiores do que estamos esperando.
Cabe a nós estarmos preparados adequadamente e atentos, muito atentos aos pequenos sinais que a vida nos dá. Está com um problema? Procure observá-lo de um ângulo diferente. Pode ser que justamente aí, resida a grande oportunidade de desenvolvimento que tanto você deseja e merece. 

Dr. José Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt