quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Buda de Ouro

llDiz a lenda que existe um simples templo budista que deixa uma magnífica impressão em corações e mentes de quem o visita. Chama-se o "Templo do Buda de Ouro". O templo em si é muito pequeno, provavelmente não mais de que 10 x 10 metros. Mas, ao entrarmos, ficamos atordoados com a presença de um Buda de ouro maciço de 3,5 metros de altura. Ele pesa mais de duas toneladas e está avaliado em aproximadamente 196 milhões de dólares!
Dizem que é uma visão extremamente impressionante - o Buda de ouro maciço, gentil e bondoso, embora imponente, sorrindo para todos. Ao lado da peça há uma vitrine que contém um grande pedaço de barro com cerca de oito polegadas de espessura por doze polegadas de largura, com uma página descrevendo a história desta magnífica peça de arte.
Nos idos de 1957, um grupo de monges precisava transferir um Buda de barro de seu templo para um novo local. O monastério teria que ser transferido para ceder espaço à construção de uma auto-estrada que atravessaria Bangkok na Tailândia. Quando o guindaste começou a sustentar o ídolo gigantesco, seu peso era tamanho que ele começou a rachar. E, como se isso não bastasse, começou a chover. O monge superior, que estava preocupado com os danos que pudessem ocorrer ao Buda sagrado, resolveu devolver a estátua ao chão e cobrí-la com um grande encerado de lona para protegê-la da chuva.
Mais tarde, naquela noite, o monge foi verificar como estava o Buda. Acendeu sua lanterna sob o encerado para ver se o Buda continuava seco. Conforme a luz incidiu sobre a rachadura, o monge notou um pequeno brilho e achou estranho. Ao olhar mais de perto o reflexo da luz, perguntou-se se poderia haver algo sob o barro. Foi buscar um cinzel e um martelo no monastério e começou a retirar o barro. À medida que derrubava fragmentos de barro, o pequeno brilho se tornava maior e mais forte. Muitas horas de trabalho se passaram até que o monge se deparou com o extraordinário Buda de ouro maciço.
Os historiadores acreditam que algumas centenas de anos antes da descoberta do monge, o exército dos birmaneses estava prestes a invadir a Tailândia (chamada então de Sião). Os monges siameses, percebendo que seu país seria logo atacado, cobriram seu precioso Buda de ouro com uma camada externa de barro, a fim de evitar que seu tesouro fosse roubado pelos birmaneses. Infelizmente, parece que os birmaneses massacraram todos os monges siameses, e o bem guardado segredo do Buda de ouro permaneceu intacto até aquele fatídico dia em 1957.
Talvez todos nós sejamos como o Buda de barro, recobertos por uma concha de resistência criada pelo medo, por nossas crenças e comportamentos limitantes e ainda assim, dentro de cada um de nós, há um ‘Buda de ouro’, um ‘Cristo de ouro’ ou uma ‘essência de ouro’, que é o nosso Eu verdadeiro. Em algum lugar ao longo do caminho, começamos a encobrir nossa 'essência de ouro', nosso eu natural. E, assim como o monge, com o martelo e o cinzel, nossa tarefa agora é redescobrir mais uma vez a nossa verdadeira essência.

Dr. Jose´Carlos Carturan Filho é Cirurgião Dentista, Especialista em Medicina Comportamental e MBA em Gestão de Saúde e Mkt

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ordem e Caos

Por mais que pareça lugar comum é inegável que o ser humano é uma criatura instável. Aliás, os que aparentam ser estáveis demais é que mais me preocupam. Alguns poucos são realmente equilibrados, enquanto os demais são apenas personagens forjados que só mostram quem realmente são atrás das cortinas, nos bastidores, quando a luz se apaga e o público se vai. Mas isto são outros quinhentos.
O ponto importante aqui é a tal instabilidade. Estas oscilações malucas que todos vivemos e que por mais que reclamemos serve para nos deixar alertas é essencial. Tudo bem que em grande parte das vezes as tempestades acabam durando mais tempo do que gostaríamos, mas aí também residem duas questões importantes. Primeira: Nenhuma delas é forte demais para nos derrubar totalmente. Às vezes nos tiram um pouco a posição de conforto em que estávamos, mas geralmente não são capazes de nos tirar do jogo da vida. Segunda coisa: Quem disse que o que queremos que aconteça, da forma que queremos é o melhor para se acontecer? 
Já reparou nisso? Quantas vezes as coisas saem diferente do que imaginávamos e depois de um tempo... Pumba! O que nós sempre almejamos acontece. Isto é representado pela velha máxima popular: ‘Deus escreve certo por linhas tortas’. Será? 
Pessoalmente acho o contrário. Nós é que vivemos querendo que linhas tortas encurtem nosso caminho, sirvam como atalho para que cheguemos aos nossos objetivos e Ele acaba fazendo com que as coisas aconteçam do jeito certo.
A segunda questão importante pode ser resumida por um adágio da sabedoria antiga que diz o seguinte: Ordo Ab Chao, em uma tradução livre e apropriada: ‘A ordem vem do caos’. Normalmente a impressão das pessoas em relação à palavra ‘caos’ é a pior possível, mas caos nada mais significa do que: desordem, confusão. E talvez você esteja pensando: ‘Mas José Carlos, confusão e desordem são coisas boas?’
Depende. Isso mesmo, depende. Depende da situação, da fase, do ponto de vista. Mas é só por meio das desordens que acontecem em nossas vidas é que conseguimos reorganizá-la de modo adequado. Por mais demorado e doloroso que seja. Pode lembrar-se de momentos conturbados que teve em sua vida e perceberá que logo após tais momentos sua vida tomou um rumo diferente, que lhe trouxe possibilidades novas. Pode ter sido a troca de trabalho, um término de relacionamento ou até uma perda importante. Esta desordem é que move o mundo. A natureza está em constante movimento, mas é algo imperceptível para nós.
O fato é que muitas vezes temos a impressão de que conosco as coisas são um pouco diferentes e as turbulências demoram a passar. Muito provavelmente é porque ainda nos encontramos na fase do caos. E ela parece demorada e difícil de ser superada. Como disse anteriormente, as coisas não acontecem exatamente quando e como queremos que aconteçam. Elas seguem um propósito maior e tem seu tempo certo de maturação. E acredite, isso pode ser muito bom.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

11/11/11

llHoje. Ao ler esta coluna você estará vivenciando um dia que se repetirá apenas daqui 100 anos. Muito já se disse sobre esta data. Há até um filme que deve estrear que fala sobre isto. Diversas correntes religiosas e espiritualistas aguardam ansiosamente a chegada desta sexta feira.
Particularmente acho interessante e marcante este dia, já que a empresa que atuo se chama ‘Elleven’ (adaptação da tradução do número 11 em inglês, eleven). Aproveitaremos para fazer uma confraternização entre nossos parceiros, clientes e equipe.
Muito do que tem sido dito sobre a data, bem como sobre o ‘tal’ fim do mundo que aconteceria em 2012, diz respeito a linhas de estudos religiosos, metafísicos e de culturas antigas como a dos maias, origem desta tal profecia que dá como a data final de nosso planeta dezembro do ano que vem.
Aprendi a escutar e respeitar todos estes conceitos, mas confesso que infelizmente há uma abordagem sensacionalista e equivocada de tais assuntos. Lembro-me de algumas ‘teorias apocalípticas’ já anunciadas aos quatro ventos que jamais se concretizaram. Em contra partida também não acho correto quem, por causa de preconceitos, se nega a perceber algumas coisas que estão acontecendo a sua volta.
Creio que não devemos simplesmente ignorar estes acontecimentos. Muito do que tenho lido a respeito do 11/11/11 faz alusão a uma mudança ‘cósmica’ que se intensificará a partir de hoje. Bobagem? Talvez sim. Ou não.
E se realmente isto estiver a ponto de acontecer? Não uma mudança visível, repleta de explosões no céu, vulcões entrando em erupção, terremotos e tsunamis, mas sim uma mudança mais sutil, silenciosa, interior, essencial?
É inegável que estamos vivendo uma fase de transição. Só não percebe quem não está atento. Pode reparar. Isto se manifesta nos comportamentos e na saúde das pessoas, nos relacionamentos, em nossa vida e na natureza.
Há uma forte e poderosa mudança em trânsito, da qual não temos controle absoluto, mas temos sim influência. Será que esta mudança não seria benéfica? Será que nossa humanidade não está necessitando disto? E já que temos influência neste contexto, como poderíamos agir para melhorá-lo? E se ao invés de sermos espectadores destas mudanças ligadas a uma data específica ou a algum fenômeno fôssemos os criadores ou no mínimo participantes ativos desta nova fase que tanto se comenta por aí?
Como fazer isto? Imagine se cada ser humano se propusesse a fazer premeditadamente uma ação bacana por dia ou a trocar um comportamento. Coisas simples, do tipo: dar um bom dia ao funcionário da loja que frequenta ou ceder o lugar do ônibus a alguém? Você já faz isso? Que ótimo! Imagina se todos fizessem, será que a convivência entre as pessoas não seria mais cordial e respeitosa?
Pode ser utopia de minha parte que todos façam isso. Mas certamente se alguns mais o fizessem as coisas já melhorariam. Temos esta opção. Ou podemos esperar outra data simbolicamente significativa para ficarmos esperando que uma mudança ‘caia do céu’ e transforme as pessoas. Você se comprometeria a fazer uma ação por dia para gerar esta melhoria? E se fizesse 11?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Distimia

A situação se repete dia após dia e pode acontecer em seu trabalho ou na relação com alguém da família. A pessoa chega com a cara amarrada, de poucos amigos e manifesta o quanto está contrariada por alguma coisa. São conhecidos no ambiente como os mal humorados, ranzinzas, rabugentos.
Talvez você mesmo tenha alguns dias com o humor bem instável. A rotina estressante a que grande parte de nós está submetido podem gerar desconforto e abalar o humor, mas o fato é que há pessoas que constantemente apresentam este comportamento. Para estas pessoas o mau humor recorrente pode significar mais do que um comportamento passageiro.
Há um distúrbio conhecido como distimia, um mau humor crônico que influencia não só a vida do paciente como também das pessoas que convivem com ele. A grande dificuldade está em diferenciar episódios ocasionais de mau humor com a doença propriamente dita. 
Uma característica comum do paciente com distimia é a irritação e preocupação excessiva até quando a situação é positiva. Em alguns casos mais graves, o paciente encontra problemas até mesmo em situações benéficas como ganhar um prêmio na loteria. Fica irritado porque, por exemplo, daqui por diante acredita que sua família não estará mais em segurança. Em suma, quando as alterações de humor passam a ser comuns e a pessoa fica irritada quando está calor e repete o mesmo padrão comportamental quando está frio, talvez algo esteja errado.
Algo também relevante é que o distímico (como é chamado o paciente que tem distimia) além do já comentado mau humor apresenta também tristeza, pessimismo, sensação de constante insatisfação, falta de motivação e auto estima.
Geralmente a distimia começa a aparecer na adolescência ou no adulto jovem e pode perdurar por toda a vida se não for tratada corretamente. Os sintomas que mais chamam a atenção, no seu início, são a irritação com qualquer coisa, o costume de ver problemas em tudo e o isolamento social. Estatísticas da Organização Mundial de Saúde apontam que até 180 milhões de pessoas no mundo são portadoras da doença e as mulheres são afetadas duas vezes mais do que os homens. Neste caso a questão hormonal faz diferença sim. 
Caso a doença não seja corretamente tratada, e um tratamento pode levar até dois anos, o paciente tem 70% de chance de desenvolver a depressão. As principais diferenças entre a distimia e a depressão são a relação social do paciente e alguns sintomas físicos que aparecem normalmente na depressão, mas não ocorrem na distimia, como alteração de apetite, sono e energia. 
Outra diferença importante é que na maioria dos casos a pessoa depressiva busca se isolar de qualquer atividade, enquanto o distímico continua realizando suas funções normais, mas sem sentir prazer e satisfação ao realizá-las.  A grande dificuldade é perceber que há algo errado e que os episódios de mau humor não são apenas características do indivíduo. Apenas um diagnóstico clínico criterioso realizado por um psiquiatra ou psicólogo pode apontar a ocorrência da doença e seu método correto de tratamento.